Abraham Palatnik
O artista Abraham Palatnik em frente a uma de suas obras. Foto: Divulgação.

Morreu neste sábado (9 de maio de 2020), aos 92 anos, o artista Abraham Palatnik, vítima de Covid-19. Ele foi internado no dia 29 de abril em estado grave, após testar positivo para o novo coronavírus. Segundo pessoas próximas, ele sofria de doença pulmonar e contraíra uma pneumonia há seis meses. Um dos pioneiros da arte cinética no Brasil, Palatinik se consagrou pela criação de obras marcadas pela fusão entre o movimento, o tempo e a luz. Em 2017 a arte!brasileiros publicou texto de Vivian Mocellin sobre a mostra A Reinvenção da Pintura, uma grande exposição do artista que circulou por instituições como CCBB Rio e MAM-SP. Leia abaixo:

 

Um dos pioneiros da arte cinética no País, Abraham Palatnik ganha uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB Rio). A mostra reúne 85 trabalhos do artista, nascido em Natal em 1928, de pais russos, criado em Tel Aviv, na então Palestina, e desde 1947 – há 70 anos, portanto – residente no Rio.

São pinturas, aparelhos cinecromáticos, objetos cinéticos e lúdicos, mobiliário e desenhos de projetos, provenientes de acervos particulares e institucionais do País e, principalmente, da coleção do próprio artista. A mostra, com curadoria de Pieter Tjabbes e Felipe Scovino, ocupa todo o segundo andar do CCBB.

“A história da arte mundial considera Palatnik um pioneiro da pintura e da escultura em movimento”, destaca Scovino. Tanto ele quanto Tjabbes apontam “o diálogo preciso entre tecnologia e intuição” como um  dado fortemente significativo do lugar que Palatnik ocupa no panorama da arte. “Além disso, o experimentalismo e a organicidade sobrevoam a sua trajetória. Dois dados aparentemente ambíguos que encontram uma simbiose perfeita”, afirmam.

Também fazem parte da exposição pinturas dos pacientes psiquiátricos do hospital do Engenho de Dentro – Emydgio de Barros (1895-1986) e Raphael Domingues (1912-1979) –, que influenciaram uma mudança de rota na carreira do artista. Ele conheceu os dois em 1948, ao visitar o Museu de Imagens do Inconsciente, criado no manicômio pela psiquiatra Nise da Silveira.

Detalhe de obra de Abraham Palatnik. Foto: Agência Brasil

A partir de suas idas ao hospital, Palatnik abandonou tintas e pincéis e não voltou mais à pintura figurativa. “Eles não tinham aprendido nada na escola, não frequentavam ateliês e, de repente, surgem imagens tão preciosas. De onde veio essa força interior? Não vou mais pintar porque minha pintura não valia nada, era uma porcaria”, relata Palatnik sobre a decisão que tomou na época.

O resgate para a vida artística veio de um encontro com o crítico Mário Pedrosa e da leitura de um livro indicado por ele, sobre Gestalt, de Norbert Wiener. Em 1949, ele começou a pesquisar sobre luz e movimento até criar/fabricar os “aparelhos cinecromáticos” – caixa com lâmpadas cujo deslocamento era acionado por motor, criando imagens de luzes e cores em movimento.

Foi com o cinecromático Azul e roxo em seu primeiro movimento que Palatnik participou da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, ganhando menção honrosa do júri internacional. Ainda nos anos 50, ele desenvolveu pesquisa em pintura abstrato-geométrica e também em design de móveis.

Em 1964, o artista cria os “objetos cinéticos”, construídos por hastes ou fios metálicos que têm nas extremidades discos de madeira de várias cores e são movimentados por um motor. No mesmo ano, participa da Bienal de Veneza, o que estimula sua carreira no circuito internacional.

Deixe um comentário

Por favor, escreva um comentário
Por favor, escreva seu nome