Desde a última quarta-feira, dia 20, uma exposição individual da artista paulistana Erika Verzutti ocupa uma das galerias do Centre Pompidou, em Paris, e chama a atenção não só dos visitantes do museu, mas também dos pedestres que passam por uma das ruas de seu entorno. A primeira grande exposição da artista na Europa acontece em um dos mais emblemáticos museus de arte moderna e contemporânea do mundo e pode ser vista, ao menos em parte, através de uma das paredes de vidro de seu edifício de arquitetura industrial.
A exposição se articula em torno de uma obra principal, um grande cisne de gesso e isopor, e conta também com esculturas em cerâmica, bronze, papel machê e cimento. Tratam-se, na maioria, de trabalhos com formas inspiradas na natureza, que remetem à animais, pedras, frutas e legumes. A exposição tem curadoria de Christiane Macel, que já havia selecionado a artista brasileira para participar da mostra principal da Bienal de Veneza em 2017. Verzutti já expôs também no Guggenheim de Nova York e na Bienal de São Paulo.
Segundo texto curatorial do Pompidou, “o trabalho da artista, não sem humor, caracteriza-se pela sensualidade de suas formas, pela tatilidade dos materiais e pela inclusão de detalhes inesperados”. O texto afirma também que relações de dualidade, como “realidade e ficção, natural e artificial” são subjacentes à sua pesquisa.
Em entrevista dada em Paris ao jornal Folha de S.Paulo, Verzutti afirmou: “O fazer artístico consiste, para mim, em deixar coisas novas acontecerem, deixar a magia se produzir. Às vezes, o tema é desnecessário”. E ela segue, falando sobre tentativas e erros: “No início, sempre se trata de como representar algo que já é bonito na natureza. Entalho, moldo, pinto, às vezes os três, às vezes só um. As opções engendram uma nova natureza”.
De diferentes modos, temáticas como o feminismo e os códigos da cultura da imagem e das redes sociais também surgem na mostra, que fica em cartaz até o dia 15 de abril.