Adiado pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas, em julho de 2018, o edital de concessão de parques da cidade para a iniciativa privada foi republicado no começo de janeiro deste ano, provocando diversas discussões sobre o destino dos espaços. Foram colocados na licitação os parques do Ibirapuera, Lajeado, Eucaliptos, Jacintho Alberto, Tenente Brigadeiro Faria Lima e Jardim da Felicidade.
No caso do Ibirapuera, a concessão também preocupa pelas questões que envolvem os espaços culturais que ficam dentro do parque. Na sexta-feira, 1º de março, foi enviado ao Ministério Público de São Paulo uma representação que demonstra receio sobre o futuro do Pavilhão das Culturas Brasileiras, originalmente Pavilhão Armando Arruda Pereira.
O projeto apresentado pela gestão municipal no edital visa fazer do espaço uma instituição de uso misto, o que, segundo o documento enviado ao MP “certamente dificultará o seu fortalecimento institucional. Além disso, a depender do uso compartilhado, determinada atividade pode vir a colocar em risco o valioso acervo municipal aí conservado, por exemplo, a proximidade de uma cozinha com uma reserva técnica de obras de arte, ou mesmo a circulação ampla de público junto a uma área destinada ao restauro e preservação de patrimônio artístico”. A representação é capitaneada por Carlos Augusto Calil, ex-Secretário da Cultura da Cidade de São Paulo; Adélia Borges, curadora e crítica de arte; Pedro Mendes da Rocha, arquiteto; Ana Helena Curti, professora de gestão cultural e produtora, e Regina Ponte, gestora cultural.
Na representação endereçada ao procurador geral de justiça Gianpaolo Poggio Smanio, a alegação é de que “o referido edital diversifica o uso do edifício o que irá descaracterizar o projeto original do Pavilhão das Culturas Brasileiras”. Assinaram também, como apoiadores da iniciativa, nomes como Aurea Vieira, Agnaldo Farias, Davi Arrigucci Jr, Vilma Eid, Fábio Magalhães, ines Raphaelian, Ricardo Resende, Guilherme Wisnik, Mônica Nador, Miriam Lerner, Tadeu Chiarelli, Nuno Ramos, Regina Silveira, Ricardo Ohtake, dentre outros.
O documento ainda ressalta que não tem intenções de questionar a concessão, pelo município, do parque à iniciativa privada, “mas de alertá-lo para que mantenha na integralidade o projeto do Pavilhão das Culturas Brasileiras, instituição única e original em nossa cidade, a exemplo do que foi reconhecido para outros órgãos culturais – públicos ou privados – igualmente instalados no Parque Ibirapuera como o Museu Afro Brasil, o MAM- Museu de Arte Moderna, o MAC-Museu de Arte Contemporânea da USP e a Fundação Bienal. Nenhum de seus edifícios integra o plano de concessão”.