O anúncio público de que dois sócios da ArtRio deixariam a feira pegou muita gente de surpresa e poderia causar certa apreensão quanto aos rumos do evento carioca. A mudança institucional, porém, não afetou as relações com as galerias e nem causou incertezas em novos expositores. A feira apresenta galerias estreantes, como Verve (São Paulo), Steiner (São Paulo) e Simone Cadinelli (Rio de Janeiro). Agora, à frente da feira está apenas a empresária Brenda Valansi, que conta com o apoio de empresas parceiras para a realização da nona edição, marcada para acontecer entre os dias 18 e 22 de setembro.Será a terceira vez que a ArtRio é realizada na Marina da Glória, algo que foi consolidado na edição anterior da feira. Se na primeira vez ainda restavam dúvidas se o lugar novo seria acolhido tanto pelos expositores quanto pelo público, na segunda a satisfação de todos que passaram por ali fez com que essa questão estivesse resolvida.
No programa principal, os estreantes da Verve fazem questão de ampliar sua participação nas feiras pelo país, é o que conta Ian Duarte Lucas, sócio-diretor da galeria. “Já temos relações muito boas com colecionadores e críticos do Rio. Fazia muito sentindo para a gente estreitar esses laços”. Para a feira, a Verve fará uma curadoria, desenhando o estande em torno de algum eixo, como fez na SP-Arte ao associar todo o espaço a uma obra de Leonilson. Desta vez, o projeto do estante foi desenhado ao redor de obras que abordam “as relações que se dão na sociedade de consumo e a urgência de uma resposta afetiva em tempos tão turbulentos quanto os atuais”, conta Ian. Nessa toada, serão expostos trabalhos de artistas como Giselle Beiguelman, Dudu Garcia, Lyz Parayzo, Élle de Bernardini e Marco Paulo Rolla. “As relações de afeto e confiança são mais do que nunca necessárias. A arte tem o poder de comunicar essas urgências de maneira bem contundente”, pontua.
Há mais de meio século em atividade, a Galeria de Arte Ipanema tem nesta ArtRio uma tarefa especial: homenagear o artista venezuelano Carlos Cruz-Diez, falecido no último 27 de julho. Trabalhando juntos por mais de 20 anos, o diretor da galeria, Luiz Sève, conta que deve levar importantes obras do artista. As galerias Carbono e MUL.TI.PLO Espaço de Arte também exibirão trabalhos do venezuelano. Além dele, devem figurar no estande da Ipanema os habitués nomes de prestígio, como Alfredo Volpi, Tomie Ohtake e Cícero Dias.
Filipe Massini, da Galeria Athena, comenta que a intenção neste ano “é levar um pouco da produção mais recente dos artistas quando se trata da parte contemporânea”. Segundo ele, terão alguns destaques, como André Griffo, que estará em exibição na galeria simultaneamente à feira, e Raquel Versieux, uma das artistas participantes do 36º Panorama da Arte Brasileira. Matheus Rocha Pitta, artista participante do Conversas ArtRio ocorrido em agosto, é outro nome do estande, apresentando trabalhos mais atuais. O artista tem duas exposições internacionais marcadas para o início de 2020. Já o recorte do mercado secundário da Athena para a ArtRio será formado por Frank Stella, Di Cavalcanti, Hélio Oiticica e Wifredo Lam, dentre outros.
Por sua vez, a galeria A Gentil Carioca deve chegar à ArtRio com uma maioria de obras —, ou mesmo todas — inéditas produzidas pelos artistas que representam, conta Márcio Botner, sócio-fundador da galeria. Arjan Martins, Laura Lima, OPAVIVARÁ!, Jarbas Lopes e Maxwell Alexandre são alguns dos artistas que têm obras confirmadas no estande. “A ideia é trazer um frescor”, pontua Botner. O destaque fica por conta de um conjunto de obras de Maxwell Alexandre que discutem a série Coisa Mais Linda, que estreou no streaming Netflix em março. O artista trabalha as possibilidades de mulheres que poderiam estrelar a produção, onde três das quatro protagonistas são mulheres brancas.
MIRE VEJA
Seção da feira que dá ênfase às produções em videoarte, MIRA terá como fio condutor o título Novos Horizontes. Neste ano, o encarregado pela curadoria é Victor Gorgulho, curador independente, jornalista e pesquisador. Os filmes escolhidos por ele terão um recorte entre os anos 2000 e os tempos atuais, sendo já parte da lista as obras RISE (2018), de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, e ZERO (2019), de Luiz Roque. É o terceiro ano que a ArtRio realiza um programa especialmente voltado à videoarte.