Aberto a artistas brasileiros de todo o território nacional, o Salão Paranaense de Arte Contemporânea recebe inscrições até o dia 25 de outubro. Em sua 67ª edição, trinta trabalhos serão premiados no valor de R$ 5 mil cada e passarão a compor o acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR).
A relação entre o prêmio e o museu, porém, é muito anterior à edição de 2020. “Pode-se dizer que o Salão Paranaense é responsável pelo começo da formação do nosso acervo”, explica Ana Rocha, diretora do MAC-PR. “O museu foi criado a partir das obras que faziam parte da coleção pública do estado ou do departamento de cultura nos anos 1970, que em grande parte eram premiações do Salão”, completa. Posteriormente, a instituição tornou-se responsável pela organização do evento e passou a incorporar os premiados à sua coleção.
Hoje, o acervo é formado por 1810 obras, sendo 366 oriundas de Salões Paranaenses. Vinte e uma das 27 unidades federativas do Brasil estão representadas nessa coleção, o que para a diretora do museu está diretamente relacionado ao fato de o prêmio ser nacional.
Um novo museu, um novo prêmio
Porém, ao iniciar uma revisão histórica do MAC-PR pelo aniversário de 50 anos da instituição, notou-se uma predominância de artistas homens brancos no acervo – o que não é exclusividade deste museu (leia o texto de Luciara Ribeiro para a revista #51 para entender). Com isso, a direção optou por uma programação que jogasse luz sobre grupos invisibilizados e propôs mudanças no Salão Paranaense.
Pensando em ampliar a diversidade de vozes e a representatividade social, a comissão julgadora fez uma alteração nos critérios de avaliação do prêmio. A partir deste ano, os trabalhos serão avaliados não só em originalidade e qualidade artística, mas também por sua contribuição à diversidade do acervo.
Além disso, a própria comissão julgadora conta com pluralidade de etnias, culturas, gênero e sexualidade. “Ainda não posso divulgar os nomes que a compõe, mas existiu a preocupação de que essa pluralidade de vozes não fosse só entre os artistas, mas na estrutura interna do MAC e na parte curatorial também”, completa Ana Rocha.
Novas categorias
A busca por diversidade também gerou mudanças no caráter dos trabalhos enviados ao prêmio. Pela primeira vez na história Salão serão aceitos textos poético-críticos com o tema “poéticas e políticas de reparação”, além das peças de arte. “A proposta é que a gente convoque os pesquisadores para nos ajudar a entender as coleções de arte no Brasil e a pensar nas possibilidades de reparação histórica”, explica Ana Rocha.
Essa não é a única categoria nova no Salão Paranaense. Devido à pandemia, o evento teve que ser modificado. “No primeiro semestre veio a possibilidade de fazer algo inteiramente virtual, mas com isso excluiríamos todos os artistas que não trabalham com arte digital”, conta Ana Rocha. Optaram, então, por acrescentar categorias ao prêmio, mas não limitá-las a apenas um formato. Com isso, arte digital e linguagem web arte passam a ser abarcadas pelo prêmio, que pela primeira vez também contará com intervenções urbanas. “São formas do MAC experimentar estar fora do espaço museológico e mais em contato diretamente com o público, com a possibilidade de respeitar distanciamento social”, explica Ana Rocha.
Já a abertura do Salão, com a exposição das obras, foi movida para o início de 2021. Com a reforma do edifício sede do museu, a mostra está prevista para ocorrer dentro do Museu Oscar Niemeyer (MON), onde hoje o MAC-PR ocupa duas salas provisoriamente.
Serviço
Para saber mais, acesse o edital do Salão Paranaene clicando aqui.