Galerias, instituições, artistas, colecionadores e apreciadores de arte se reúnem entre os dias 5 e 11 de maio de 2021 em torno da Frieze New York. A feira é a primeira a acontecer presencialmente na cidade desde o início da pandemia e segue com exposições e atividades online, assumindo um formato híbrido.
Com uma programação reduzida neste ano ainda atípico e pandêmico, o evento deixa de acontecer na Randall Island e assume o Shed, um centro de artes na região de Manhattan. O espaço conta com atividades até o dia 9 de maio, enquanto o viewing room e os talks online continuam até a próxima terça-feira (11).
Longe dos habituais 190 expositores, a Frieze apresentará pouco menos de 60 casas. Mais de 50 destas respondem a uma pergunta comum: “Como as artes são responsáveis por interromper, complicar ou mudar narrativas de representação visual na esfera pública?”. A provocação é parte de um dos pontos centrais da programação deste ano, o tributo ao Vision & Justice Project e sua fundadora, Sarah Elizabeth Lewis. Através de programações (online e offline) e de um conjunto de atividades ligadas às galerias e a importantes artistas – como Carrie Mae Weems e Hank Willis Thomas -, a feira visa homenagear e aumentar o alcance do projeto, que analisa o papel da arte na compreensão da relação entre raça e cidadania nos Estados Unidos.
Com as restrições de entrada no país, diversos expositores e visitantes internacionais não poderão participar do evento presencialmente. “Será mais como uma feira local”, disse a galerista Tanya Bonakdar ao The New York Times, referindo-se à participação majoritária de instituições e galerias americanas. Porém, a edição conta com a participação de casas brasileiras. Mendes Wood DM e Nara Roesler, que tem sedes nos EUA, participam da feira de forma presencial, apoiadas pelo projeto Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad. Já no viewing room, estão Marília Razuk e Fortes D’Aloia & Gabriel, também ligadas ao projeto, e as galerias Almeida & Dale, Kogan Amaro e Luisa Strina.
Saiba mais sobre as galerias brasileiras participantes
Reunindo artistas brasileiros e estrangeiros, a Mendes Wood DM leva à Frieze New York uma seleção especial de obras de Solange Pessoa, Sonia Gomes, Rubem Valentim, Paulo Monteiro, Marina Perez Simão, Giangiacomo Rossetti, Maaike Schoorel, Wallace Pato, Paulo Nazareth, Matthew LutzKinoy, Paloma Bosquê, Lynda Benglis, Sofia Borges e Neïl Beloufa.
Por sua vez, a Galeria Nara Roesler tem o intuito de refletir sobre a pluralidade e liberdade que deve existir nas narrativas que constroem nossa própria imagem. A casa propõe um diálogo das diferentes práticas no retrato do “eu” pelo ponto de vista de três artistas brasileiros: Cristina Canale, Carlito Carvalhosa e Amelia Toledo. A seleção de obras traz a oportunidade de entender como as diversas formas do retrato de si acabam coincidindo.
Em parceria, as galerias Almeida & Dale e Marilia Razuk apresentam Poéticas para Adiar o Fim do Mundo, com curadoria de Regina Teixeira de Barros. Dialogando diferentes gerações de artistas, o conjunto de obras destaca uma produção que responde a interações extremamente pessoais com o mundo ao seu redor. “A reflexão e a síntese – o silêncio que emanam – são alguns dos aspectos partilhados por estes artistas que, através de várias linguagens, oferecem ao mundo possibilidades de resistência”, diz a curadora. Na página das galerias no viewing room, os trabalhos de Anna Maria Maiolino, José Leonilson, Eleonore Koch e Johanna Calle dialogam com os de jovens emergentes no cenário brasileiro, tais como Maria Laet, Vanderlei Lopes e Mariana Serri.
Buscando evidenciar os esforços construtivos e produtivistas na base da arte latino-americana contemporânea, a Galeria Luisa Strina participa do viewing room com uma seleção de obras que assume a resistência decolonial ao mesmo tempo em que flerta com influências modernistas. Frutos, em alguns casos, do contexto global de pandemia e, noutros, de uma reflexão anterior sobre as adversidades do momento em que vivemos, os trabalhos de Marcius Galan, Clarissa Tossin, Pedro Reyes, Laura Lima, Alexandre da Cunha e Federico Herrero colocam em foco o equilíbrio hesitante dos processos que os constituem. Os trabalhos de Marcellvs L. e Alfredo Jaar somam um conteúdo lírico e ambíguo ao conjunto; a luminosidade contida neles acusa o seu oposto: a fragilidade das certezas no mundo de hoje.
Abordando questões do colonialismo, violência, religião e censura, a Fortes D’Aloia & Gabriel busca retratar o zeitgeist em Unnamable (Inominável). A mostra online traz fotos, pinturas, esculturas e produções audiovisuais de Mauro Restiffe, Tiago Carneiro da Cunha, Yuli Yamagata, Ivens Machado, Ernesto Neto, Erika Verzutti, Adriana Varejão, Cristiano Lenhardt, Márcia Falcão, Tamar Guimarães, Kasper Akhoj, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. A galeria também participa do Vision & Justice Tribute com uma conversa em torno do artista, ativista, acadêmico e político Abdias do Nascimento. O webinar, co-organizado com Tanya Bonakdar Gallery, terá como foco o arquivo fotográfico do Teatro Experimental do Negro, fundado em 1944. Os curadores Keyna Eleison e Victor Gorgulho estarão acompanhados por Elisa Larkin Nascimento, esposa de Nascimento e presidente do Ipeafro (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros).
Em seu estande virtual, a Galeria Kogan Amaro apresenta os trabalhos de Rafaella Braga. Com início no grafite, a artista hoje se dedica à pintura, principalmente a telas de grande escala. Sua prática tem o corpo como matéria-prima, investigando o próprio delineado por suas vulnerabilidades e segredos, e gira em torno da interação entre realidade e fantasia, identidade e tempo, oferecendo uma alternativa onírica à realidade.
Acesse o viewing room e saiba mais sobre a Frieze New York 2021 clicando aqui.
*De forma a garantir a segurança de todos, será necessário apresentar comprovante de resultado negativo a Covid-19, de um teste recente, ou comprovante de vacinação para as visitas presenciais à feira.