Enquanto se prepara para a abertura, no dia 4 de setembro, da mostra principal de sua 34ª edição, intitulada Faz escuro mas eu canto, a Bienal de São Paulo comemora seus 70 anos de existência através de uma série de ações – que seguem deste mês de julho até 2022. Entre elas estão o podcast Bienal, 70 anos, com alguns episódios já disponíveis (ouça aqui), o lançamento do curta-metragem Arquivo Histórico Wanda Svevo: o passado em perpétua construção (no Canal Arte 1 em 31 de julho e, em seguida, no YouTube da Bienal) e a reedição da publicação Linha do tempo da Bienal de São Paulo, que será disponibilizada para compra na Livraria da Travessa.
Além disso, nas redes sociais da instituição, uma série de artistas, cantores e atores compartilham suas memórias sobre a mostra, que em 33 edições já reuniu aproximadamente 11.500 artistas ou coletivos de 140 países, mais de 70 mil obras e 8,5 milhões de visitantes. Por meio da campanha de mote “Bienal: há 70 anos, você não sai você”, já estão disponíveis os relatos de nomes como Lima Duarte, Mariana Ximenes, Enivo, Beatriz Milhazes, Nino Cais, Ana Lira e Siron Franco. Outros se juntarão a eles nas próximas semanas. O Instagram da Bienal também está apresentando, por meio de posts diários, a história de cada um dos cartazes das 34 edições da mostra.
Realizada pela primeira vez em 1951 a partir da iniciativa do empresário Ciccillo Matarazzo (1898-1977), à época presidente do Museu de Arte Moderna de São Paulo, a Bienal de São Paulo é considerada um marco para a inserção do Brasil e da América do Sul no circuito internacional das artes. A mostra recebeu já no primeiro ano obras de 729 artistas de 25 países, demonstrando a grandiosidade e ambição evento. Entre elas estavam a Unidade tripartida, do suíço Max Bill, uma das premiadas do evento e que abriu as portas para o concretismo na arte brasileira, e as salas especiais dedicadas aos modernistas brasileiros Cândido Portinari e Di Cavalcanti. Estavam também presentes, pela primeira vez no Brasil, trabalhos de Pablo Picasso e René Magritte, entre muitos outros.
A segunda edição da Bienal, em 1953, ficou conhecida como “Bienal de Guernica”, por trazer ao país uma das mais célebres obras de Picasso. A edição seguinte, em 1955, teve como destaque trabalhos de muralistas mexicanos como Diego Rivera. A 4ª Bienal, em 1957, foi a primeira organizada no espaço que viria a ser sua sede permanente, o Pavilhão das Indústrias do Parque Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer – e hoje conhecido como Pavilhão Ciccillo Matarazzo. Ela apresentou uma sala dedicada ao pintor americano Jackson Pollock e acumulou polêmicas por, por exemplo, recusar trabalhos de Flávio de Carvalho.
Essas e outras muitas histórias são tratadas no podcast ou na linha do tempo reeditada. Surgem como temas, ainda, ao longo das décadas seguintes, os intensos conflitos vividos à época da ditadura civil-militar, a atuação marcante do critico Mário Pedrosa, o destaque dado ao surrealismo e à Pop Art internacionais, o trabalho dos concretistas e neoconcretistas brasileiros, o surgimento da videoarte e da performance, as curadorias de Walter Zanini, Paulo Herkenhoff, entre outros.
Com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2022, a Fundação Bienal está também produzindo um livro composto por crônicas e ensaios inéditos que se debruçam sobre momentos-chave da história do evento. A publicação contará com 30 textos comissionados de autores de diferentes perfis – como Tiago Gualberto, Lyz Parayzo, Claudio Bueno e João Simões, Veronica Stigger, Naine Terena, Fernanda Pitta, Michael Asbury e Clarissa Diniz – o livro tem organização de Paulo Miyada, curador adjunto da 34ª Bienal de São Paulo. Está em produção também uma série de quatro documentários em média-metragem sobre a história da Bienal de São Paulo, dirigida por Carlos Nader e realizada em parceria com o Itaú Cultural.