“Antonio era serenidade, equilíbrio, tranquilidade. Mario era força movimento e agito”. É assim que Thais Darzé, diretora da Paulo Darzé Galeria, de Salvador, resume suas impressões sobre Antonio Dias e Mario Cravo Jr. Ambos os artistas faleceram no último dia 1 de agosto, também dia que nos deixou Eleonore Koch. A notícia dessas partidas, com poucas horas de intervalo, deixou muita saudade.
Ambos do nordeste, Antonio, nascido em Campina Grande (PB), e Mario Jr., soteropolitano, encontraram na década de 80 mais um amigo em comum. Esse seria especial por poder apresentá-los em solo nordestino, em seu lar. Paulo Darzé tinha acabado de inaugurar a galeria homônima quando conheceu Mario. A amizade, seguida da representação do artista pela galeria, trouxe um respaldo muito grande para a galeria estreante. Ter em seu corpo de artistas o escultor baiano dava muita credibilidade, explica Thais, que também nascia naquele 1983.
A relação com Antonio vem cinco anos mais tarde. O artista também passa a ter exposições feitas pela galeria, quando esta começa a expandir os horizontes, buscando grandes artistas de fora do território baiano. Antonio fazia muito sucesso por onde passava: “Ele amplia todo esse universo, abre os olhos da formação de público aqui, além da própria projeção internacional dele, o que faz com que a gente também busque uma sintonia com tudo o que tá acontecendo no mundo da arte”, explica Thais.
Para Thais, é fácil falar sobre os dois. Ela se lembra de ter convivido com eles desde garotinha: “Eu tive a honra e a sorte de poder conviver, e crescer, com dois monstros da arte, duas pessoas maravilhosas, um com uma energia completamente diferente do outro”. Ela via em Antonio uma personalidade mais doce. Já Mario, de acordo com ela, era dono de uma “personalidade com tamanha força” que desconhece em outras pessoas.
A galeria, inclusive, foi a última a sediar exposições dos artistas ainda em vida: a de Dias em março deste ano, a de Cravo Jr. em outubro de 2017. Paulo Darzé, diretor e fundador da galeria, conta que Mario se emocionou muito nessa exposição, que reuniu uma série de esculturas em madeira e ferro. Já a de Antonio era um desejo de longa data, desde 2016 a galeria havia planejado, mas só foi possível há poucos meses. Segundo Paulo, o artista se empenhou o máximo para que a exposição saísse, inclusive trabalhando firme no catálogo.
Além do lado profissional, a amizade se estendia para a vida social. “Foi um choque muito grande perder os dois no mesmo dia”, afirma o galerista.