Até o dia 30 de abril é possível visitar a exposição Christo e Jeanne-Claude no Uruguai, sediada no MACA – Museo de Arte Contemporáneo Atchugarry. A instituição cultural é novidade em Punta del Este, no Uruguai, tendo sido inaugurada ainda em 2022, no começo de janeiro. Seu espaço faz parte da Fundação Atchugarry, criada em 2007 pelo artista plástico Pablo Atchugarry, cuja ambição era a de criar um museu para sua coleção de pintura e escultura latino-americana. Com projeto arquitetônico de Carlos Ott, o MACA aloja quatro salas de exposições e um auditório/cinema para 72 espectadores.
Sua abertura foi marcada com a mostra em homenagem a Christo e Jeanne-Claude, sendo esta a primeira vez que a obra da emblemática dupla é exibida no Uruguai. Ao todo, o MACA trouxe um conjunto de mais de 50 obras que ocupam o grande salão do primeiro andar; com isso, apresenta-se um panorama da sua produção em diferentes formatos: fotografia, desenhos, colagens e esculturas.
Christo e Jeanne-Claude são lembrados por seu trabalho monumental, por exemplo: Valley Curtain (1972, Colorado, EUA), consistia em 18.600 metros quadrados de tecido de nylon laranja, pendurado sobre um vale entre montanhas. Em Surrounded Island (1983), em Biscayne Bay, perto de Miami, eles cercaram onze ilhotas com um pano rosa flutuante. The Umbrellas in California and in Japan (1991) foi uma instalação de mais de três mil guarda-chuvas, e The Gates (2005) em Nova York consistiu em uma sequência de mais de sete mil portas laranja dispostas nos caminhos do Central Park. Tendo Jeanne-Claude falecido em 2009 e Christo em 2020, o último projeto idealizado pelo casal foi o “empacotamento” do Arco do Triunfo, em Paris.
Eles incluíam, junto com suas esculturas de proporção maciça – muitas vezes invólucros de tecido ao redor de construções históricas -, as documentações relacionadas à burocracia necessária para a realização da obra; os relatórios de impacto ambiental; os desenhos e diagramas feitos nas etapas de planejamento desses trabalhos. Propunham, dessa forma, uma nova forma para a arte pública ser compreendida, onde o trabalho é mais que o próprio objeto final realizado. Parte dessas documentações e desenhos está na mostra no MACA, que também produzirá um catálogo bilíngue espanhol-inglês com uma entrevista íntima com Christo e imagens de todas as obras expostas na exposição.
Já no edifício anexo ao museu, até o dia 18 de abril, está montada a exposição Heliógrafos do artista argentino León Ferrari, quem, ao longo de sua extensa produção, explorou diferentes suportes e meios expressivos; desde seus primórdios com a cerâmica e suas incursões no desenho, até livros de artista, arte-objeto, escultura e litografia. A maior parte de suas realizações está ligada à crítica social e à relação entre arte e política.
As obras que dão título à mostra são uma série de vinte e sete impressões heliográficas de imagens compostas por figuras Letraset, um meio amplamente utilizado por designers gráficos desde meados da década de 1950. Elas variam em orientação e tamanho, embora todas sejam grandes o suficiente para se assemelhar a plantas arquitetônicas. Essas peças foram criadas durante um período de experimentação, enquanto Ferrari estava exilado em São Paulo.