Na sua quarta edição, a BIENALSUR23, plataforma internacional de arte contemporânea, confirma sua proposta inicial de construir uma rede colaborativa global que reivindica o direito à cultura. A atual edição se iniciou no começo de julho e se estende até dezembro de 2023, e finca presença em mais de 70 cidades, em 28 países dos cinco continentes do globo.
A BIENALSUR foi fundada em 2017 pelos argentinos Aníbal Jozami, economista, educador e colecionador, e a pesquisadora e doutora em história da arte Diana Wechsler, reitor emérito e vice-reitora da Universidad Tres de Febrero (UNTREF), respectivamente.
A BIENALSUR23 escolheu e incluiu obras e projetos selecionados em editais internacionais abertos e alguns artistas-chave para ajudar a reforçar um dos objetivos centrais das urgências deste momento: desenvolver ações centradas na problemática do meio ambiente, nas perspectivas de gênero, na construção de relatos, no fenômeno internacional das fake news e em seu impacto sobre a democracia.
Em diversas províncias argentinas, as aberturas se sucederam criando um tecido diverso.
Em todos os casos é importante salientar que esta BIENALSUR não é espalhafatosa: as instalações e as obras parecem se importar em comunicar ideias e não impactar o público com soluções espetaculosas.
Em cada cidade as mostras ocupam museus, casas históricas, espaços ligados às tradições do lugar. Na Argentina, os estados, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, são denominados de províncias. Por ocasião da BIENALSUR, cidades da Provincia de Buenos Aires, como Mar del Plata e La Plata, a Provincia de Córdoba e de Tucumán inauguraram inúmeras exposições. Em Mar del Plata, vale destacar a participação da brasileira Regina Silveira na coletiva EXTRA/ordinario, em cartaz no MAR (Museo Provincial de Arte Contemporaneo).
No Museo Provincial de Fotografía de Córdoba, no Palacio Dionisi, e no Museo de Bellas Artes Emilio Caraffa foram abertas as mostras Como escapar del planeta Tierra e Naturocultura, respectivamente. Artistas de Argentina, Brasil, Chile, Colombia, Espanha e França abordam a relação humana com a natureza.
“Juan Reos, argentino, apela às nuvens como elementos de distração e faz delas esculturas monumentais e efêmeras que parecem pressagiar algo indecifrável. Yo-Yo Gonthier, francês, também os utiliza como protagonistas em um vídeo em que uma grande nuvem gigante é movida por um grupo de pessoas, na tentativa de refletir sobre a ideia de migração e retorno”, comenta o curador argentino da mostra, Francisco Medail.
Na Provincia de Tucumán, no Noroeste argentino, participam destacados artistas italianos, Maria Lai (1919-2013), uma das artistas mais importantes da segunda metade do século XX na Itália, assim como Antonio Della Guardia e Letizia Calori.
Obras vinculadas ao trabalho têxtil feminino e à precarização do trabalho na contemporaneidade, que modifica a relação do sujeito com o mundo, estão em Entre-tejidos, no Museo de la Universidad Nacional de Tucumán, que apresenta as criações das Randeras de El Cercado. Já no Museo Móvil de la Randa (MUMORA) estão os trabalhos das argentinas Jimena Travaglio e Ángeles Jacobi, assim como da italiana Maria Lai.
No Museo Provincial Escultor Juan Carlos Iramain, a mostra La escultura y la ruina coloca em diálogo retratos escultóricos e desenhos do argentino Juan Carlos Iramain (1900-1973), dos anos 1930, com os mineiros indígenas da Puna, com as cabeças de cimento do escultor argentino Rodrigo Díaz-Ahl retratando trabalhadores do conurbano bonaerense, populações separadas no tempo, partícipes, porém, da mesma vulnerabilidade,
No Centro Cultural Virla, La mirada caminante: vídeos dos argentinos Julia Levstein, Nicolás Martella e Cintia Clara Romero, sobre ações produzidas em diferentes geografias a partir do ato de andar. E a partir do dia 20 de julho, sucessivas aberturas serão realizadas na cidade de Buenos Aires. ✱