No dia do fechamento desta edição, ARTE!Brasileiros e o mundo se comoveram com o brutal assassinato, uma clara execução, de Marielle Franco, mulher, negra, militante pelos direitos humanos, vereadora do Rio de Janeiro, representante de mais de 56.000 eleitores, e seu motorista Anderson Gomes.
Num verdadeiro ato de provocação à vigência de um regime supostamente livre, milicianos e quem os financiam matam impunemente tentando calar as vozes de quem ousa defender direitos sociais: a saúde, a educação, a cultura, escolher como se vestir ou a quem amar, seja mulher, homem, trans ou papagaio.
Com a ascensão de Trump nos EUA, o impeachment no Brasil e outros movimentos contrários a vida democrática em vários países, “se agudizaram deliberadamente ondas de racismo, xenofobia e sexismo que estavam latentes mas não legitimadas”, diz o filósofo e professor americano Noam Chomsky, um dos pensadores mais importantes na contemporaneidade, no seu último livro Réquiem para o sonho Americano, da editora Bertrand Brasil.
Na sua opinião, a cada vez maior concentração e polarização econômica criada pelo neoliberalismo produziu uma depreciação da vida cotidiana na maioria dos povos nos diferentes continentes. Uma certa depressão e uma falta de esperança do que se pode mudar.
Porém, independentemente da necessidade de encontrar as bandeiras certas para uma concentração de forças que permitam mudanças profundas e estruturais por uma sociedade mais justa, toda e qualquer intervenção de artistas e agentes culturais a serviço da reflexão sobre as inquietações e o sofrimento contemporâneo são fundamentais.
Esta edição – você tem acesso a todas as materias no PaginaB! – traz inúmeros exemplos de instituições culturais, artistas modernos, contemporâneos e fotógrafos, que centraram suas pesquisas, imagens, esculturas e projetos retratando como, numa história que se repete, o poder de setores conservadores, econômicos e políticos tenta sujeitar os cidadãos e sua liberdade de expressão.
Na materia de capa, por exemplo, León Ferrari: por um mundo sem Inferno, título da mostra que abre em abril na Galeria Nara Roesler com curadoria de Lisette Lanhado, apresentamos o trabalho incansável de um artista conceitual, transgressor, que colocou seu trabalho desde os anos 60 a serviço da discussão dos valores éticos e estéticos dominantes. Questionou com ironía e humor o Poder, político e religioso, e reverenciou a liberdade da mulher muito antes que as discussões de gênero viessem a tona nos anos 80.
Assistir a beleza de seus trabalhos ou chocar-nos com eles nos permite tomar ar e seguir adiante.
A arte foi a primeira e é a maior ferramenta de comunicação criada pela humanidade. Ela transcende línguas e culturas, podendo causar desde ternura, comoção e, muitas vezes, polêmica.
Observar a era especial que estamos vivendo, neste inicio de século XXI como consequência de fundamentos plantados anteriormente, é um bom começo para acharmos soluçōes. Olhar o século anterior, com exemplos do que deram e não deram certo, principalmente no que se refere ao modelo de administração pública que possuímos, visceralmente conectada a economia com quase 250 estatais, um judiciário ineficiente, um parlamento fragmentado em 35 partidos, formando um bloco, denominado “centrão” que gera instabilidade no executivo, são pontos que nos levaram a esta espiral negativa.
Outro ponto que não podemos deixar de considerar, é a livre circulação de informação sem filtros pela internet. Em um país com mais 100 milhões de pessoas conectadas, em momento de crise econômica e política, é matemático o surgimento de manifestações intolerância.
O capitalismo, principalmente o industrial, como forma de produção de riquezas, é exemplo de solução. Foram através das revoluções industrials que levaram os países atualmente prósperos, a acabar com a fome a pobreza.
Senhores, precisamos repensar qual é a solução para termos o que queremos: liberdade de decidir o que nós somos como indivíduos e que não afete o coletivo, como nossas posiçōes religiosa, filosófica/artística e de gênero.