A Japan House é um lugar para se conhecer mais sobre a cultura japonesa contemporânea em São Paulo. Perto de estações do metrô e localizada na avenida símbolo da maior cidade do país, a primeira Japan House do mundo, que completou um ano de portas abertas no Brasil no início de maio, tem entrada gratuita.
Onde antes ficava uma agência do Banco Bradesco, hoje está o prédio moderno projetado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma. O local é um dos três polos planejados pelo governo japonês para difundir a cultura nipônica fora do Japão. Em dezembro de 2017, foi a vez da cidade de Los Angeles inaugurar sua própria Japan House. A próxima metrópole a ganhar uma sede será Londres, com abertura prevista para julho de 2018.
A instituição chegou a São Paulo com a proposta de apresentar aos brasileiros um Japão que foge aos estereótipos. Marcello Dantas, diretor de planejamento e curador responsável pela sede brasileira, comentou em entrevista ao jornalista Pedro Bial a proposta, “Foi uma iniciativa do governo japonês de pensar alguma coisa diferente do que os outros países estavam fazendo para a divulgação da sua cultura. E a cultura japonesa tem muitas coisas especificas que não dá para colocar em outro contexto e ela sobreviver da mesma forma. Era preciso criar um espaço. Parte da premissa do governo japonês foi: vamos fazer isso com curadores e gestores dos países. Vamos traze-los para olharem para a cultura do Japão e identificarem aquilo que existe na cultura do Japão que pode ser de serventia para seu país”.
E foi através de workshop, palestras, exposições de arte contemporânea, encontros gastronômicos, audiovisuais e artísticos nipônicos que a instituição aproximou o público brasileiro das muitas camadas culturais japonesas. Entre as ações realizadas, por exemplo, a casa de cultura japonesa trouxe para conversar com fãs um dos produtores do Studio Ghibli, um dos estúdios de animação mais famosos do mundo, e de onde surgiram grandes animes em longa metragem como A viagem de Chihiro, Túmulo dos Vagalumes, Ponyo e Meu Amigo Totoro.
Além das exposições, a Japan House proporciona ao público um amplo espaço multimídia, onde é possível encontrar livros de autores japoneses, mangás e conteúdos como filmes e músicas. Em 19 de junho, o local deve inaugurar uma loja da Muji, rede japonesa de produtos ligados a decoração, mobília, papelaria e até mesmo vestimenta.
O trabalho de Marcello Dantas na curadoria da Japan House escolhou valorizar o bambu, gramínea muito importante para a cultura japonesa, do artesanato à arte contemporânea. “Eu adorei isso [bambu], primeiro porque queríamos surpreender o público com todo esse conhecimento que o Japão tem e que a gente nem sabe que tem. Segundo porque uma observação da cultura japonesa e você ver que o bambu é um material que esta onipresente na cultura japonesa, esta na cerimonia do chá, esta na agricultura, nas artes marciais, nas artes visuais”, explicou o curador.
Desde a inauguração, a Japan House já recebeu cerca de 769 mil visitantes. Segundo dados da instituição, foram oito exposições e 45 workshops ao longo do primeiro ano de atividade do centro cultural. Em entrevista ao PáginaB, a presidente da Japan House, Angela Hirata, comemorou os resultados, “Como a Japan House São Paulo foi a primeira do mundo, não tínhamos muito parâmetros comparativos, de qualquer forma, os resultados foram muito acima das mais otimistas expectativas”. De acordo com ela, somente a primeira exposição do centro cultural recebeu público sete vezes maior que o esperado, “Foi uma feliz surpresa que sinaliza a ótima receptividade do público a nossa iniciativa”, disse.
Como foi tomada a decisão de trazer a Japan House para o Brasil?
Pensando nas três cidades, podemos destacar como padrão o longo histórico das relações entre o Japão e essas cidades, além de suas relevantes posições, cada uma em seu respectivo país, como centros culturais e econômicos de grande alcance. Por intermédio de um intercâmbio que inclui artes, ciência, gastronomia, tecnologia, educação, entre outros, buscamos ampliar a percepção dos brasileiros diante do Japão do século 21. A escolha por São Paulo foi motivada pelas seguintes razões: é no Brasil e, majoritariamente em São Paulo, que vive a maior população de origem japonesa fora do Japão; as ligações econômicas, sociais e humanas entre os dois países são fortes e a imagem do Japão no Brasil é positiva. São Paulo é também o principal centro econômico da América Latina e um polo importante de produção artística e cultural.
Quando foi fundada a primeira Japan House e quais eram/são os objetivos da instituição?
A primeira JAPAN HOUSE foi aberta há pouco mais de um ano, em 6 de maio de 2017, na Avenida Paulista, em São Paulo. Seu objetivo é apresentar o Japão contemporâneo por meio de diversas facetas. Considerando essa premissa, a JAPAN HOUSE São Paulo é um lugar único na cidade de São Paulo. É um espaço onde os visitantes podem conhecer mais sobre a cultura e arte moderna nipônica por meio de exposições, palestras e workshops; apreciar uma arquitetura moderna e boa gastronomia em um café e restaurante, além de conhecer artistas, marcas e um pouco do lifestyle japonês nas duas lojas que temos aqui, além da biblioteca com mais de 1900 livros, que podem ser consultados livremente.
Na sua avaliação, qual foi o impacto da Japan House na cidade de SP?
Acredito que o impacto é positivo, uma vez que todos são beneficiados com mais uma oferta de cultura e lazer gratuita da cidade e na Avenida Paulista, já consolidada como um corredor cultural importante da capital paulista. Como a JAPAN HOUSE São Paulo foi a primeira do mundo, não tínhamos muito parâmetros comparativos, de qualquer forma, os resultados foram muito acima das mais otimistas expectativas. Usando como exemplo apenas a visitação no primeiro ano, superamos em sete vezes a proposta inicial. Foi uma feliz surpresa, que sinaliza a ótima receptividade do público a nossa iniciativa.