Benedito Calixto, 'Porto de Santos', 1890. FOTO: Jorge Bastos

Uma ideia de muitos anos, segundo o assistente curatorial Guilherme Giufrida, acaba de ganhar forma e espaço no MASP. Um comodato, empréstimo por tempo determinado, com a B3, Bolsa de Valores de São Paulo (junção entre a BM&FBOVESPA e a Cetip) colocou no acervo do museu obras que estarão sob seus cuidados pelos próximos 30 anos. É o terceiro comodato acordado pela instituição desde que Heitor Martins assumiu sua presidência, em 2014.

Uma parte dessas obras podem ser vistas em exposição aberta no dia 14 de junho. Acervo em transformação: Comodato MASP B3 reúne 25 obras da seleção de 66 que foram selecionadas pelos curadores Adriano Pedrosa e Olivia Ardui. A curadora conta que a maioria delas vem dos escritórios da B3 em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Ao longo dos anos, todos os trabalhos foram catalogados, inclusive alguns foram expostos em áreas destinadas para exibição na Bolsa e foram cedidos para integrar exposições em instituições. Essa coleção já era sabida pela curadoria do MASP há alguns anos. “Acho que a B3 também estava nesse momento de transformação interna, com reforma do prédio. Então foi o contexto ideal para que eles também atentassem para a importância dessa coleção e de elas não serem apenas vistas pelos frequentadores do escritório da Bolsa”, conta Guilherme.

Além das obras de arte, o acervo da B3 conta com outros elementos como objetos de design e mobiliário, dentre outros. “Recebemos a lista do inventário da coleção e apontamos para algumas linhas que gostaríamos de ter”, explica Olívia. A partir daí, começaram a fazer visitas nos prédios da Bolsa com o departamento de restauro e de conservação. Algumas das obras estão, inclusive, sendo restauradas para serem exibidas posteriormente.

Para Guilherme, o comodato “preenche lacunas importantes de artistas que já existiam no museu e introduzem artistas que não estava contemplados no acervo”. A iniciativa trouxe novidades como Lygia Clark, Ione Saldanha e Abraham Palatnik. O comodato, como um todo, reúne nomes e obras expressivas da arte acadêmica, modernista e abstrata: além dos já citados, mais alguns deles são Edmund Pink, Benedito Calixto, Anita Malfatti e Emiliano Di Cavalcanti.

Neste ponto, como o próprio Guilherme pontua, o MASP tentou manter certo equilíbrio entre as escolas, com uma ênfase maior no modernismo, pois “é uma fase significativa da arte brasileira que tem algumas ausências no museu”, preenchidas com o comodato. Entretanto, o balanceamento permite que o público também veja expoentes da arte abstrata, “algo que não é tão comum nas exposições do museu, posto que os cavaletes têm um foco em arte figurativa ou com diálogo com a figuração”.

A exposição que comemora o comodato, em homenagem aos ex-conselheiros da BM&F e BOVESPA, fica em cartaz até 29 de julho. Apesar disso, já existe uma obra da coleção nos cavaletes. Em breve, outras também integrarão a exposição do 2º andar do Masp, fazendo parte da rotatividade do Acervo em Transformação.

 

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