Para celebrar o lançamento virtual da publicação educativa da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto, Primeiros ensaios –, a Bienal faz três encontros com temáticas relacionadas aos conteúdos contidos na sua publicação. Cada transmissão conta com a participação gravada de autores e artistas que colaboraram com a publicação e ao final é aberto um espaço para comentários e perguntas (para participar basta clicar aqui). Além disso, uma exposição virtual de Deana Lawson integra ações virtuais da instituição.
Primeiros Ensaios
O livro aposta no pensamento do filósofo e poeta martinicano Édouard Glissant ao reconhecer o esforço e a complexidade exigidos para não nos relacionarmos por um único ponto de vista com os conhecimentos que são assimilados e com as realidades que nos cercam. Em nota, o curador geral da 34ª Bienal, Jacopo Crivelli Visconti, afirmou que “nunca temos a ambição de explicar as coisas do começo ao fim, porque nossa visão é a mesma do Glissant, de que sempre há uma parte do outro, uma parte grande ou pequena, que você não vai entender. E o esforço que se faz é para que você tenha uma relação com esse outro, mesmo não entendendo”.
Em 10 de junho, a conversa será feita a partir do meteorito do Bendegó. Encontrado no sertão brasileiro, na Bahia, em 1784, o meteorito resistiu ao fogo do Museu Nacional no Rio de Janeiro em 2018. Esse também foi o maior siderito vindo do espaço que fora encontrado em solo brasileiro. No livro, o meteorito aparece como um enunciado para abordar noções de resistência, perenidade e resiliência. Para a conversa, a Bienal traz a curadora de meteorítica do Museu Nacional, Maria Elizabeth Zucolotto, e o artista indígena Gustavo Caboco.
No dia 11, a professora Christine Greiner e a artista Eleonora Fabião falam sobre o sino da capela do Padre Faria, datado de 1750 e localizado na cidade mineira de Ouro Preto, que foi tocado em duas ocasiões marcantes na história do Brasil: o dia da morte de Tiradentes e na inauguração de Brasília. No livro, o sino é utilizado em um ensaio prático, uma proposta de exercício artístico focado nas relações entre corpo, som, repetição e memória.
Já no dia 12, serão abordadas temáticas em torno dos retratos de Frederick Douglass. Hoje, Douglass é reconhecido pelo pioneirismo na compreensão da circulação da imagem fotográfica como instrumento político capaz de reiterar ou contrapor estereótipos de raça. Na publicação da Bienal sua figura mobiliza pesquisas relacionadas a essas questões e à autorrepresentação. Para contribuir com o debate foram chamados o jornalista Nabor Jr. e o artista Daniel de Paula, que irá abordar também o Teatro Experimental do Negro.
Deana Lawson em nova exposição individual
Com uma série inédita realizada em Salvador (BA), comissionada pela Fundação Bienal, a fotógrafa estadunidense Deana Lawson inaugura nova individual na Suíça. A exposição parte da pesquisa da fotógrafa sobre as diásporas africanas em vários lugares do mundo e estreia no Kunsthalle Basel, na Basileia, compondo uma das múltiplas ações expandidas da 34ª Bienal de São Paulo. Centropy apresenta imagens meticulosamente encenadas, mas profundamente íntimas, que exploram a endumentária, hábitos cotidianos e interiores domésticos de tais diásporas africanas. Mantendo um olhar atento aos estereótipos nos retratos ocidentais de africanos e afrodescendentes, Lawson captura construções inesquecíveis da vida negra contemporânea.
A versão online dos Primeiros ensaios já está disponível para download e leitura neste link.
Confira também os outros conteúdos disponibilizados no site da Bienal aqui.