Santídio Pereira nasceu em Curral Comprido, no Piauí, mas mudou-se para São Paulo muito cedo, com apenas 8 anos de idade. Seu interesse por gravuras também foi bastante precoce, ainda menino, e passou a estudar técnicas artísticas no Instituto Acaia, com muito estímulo da mãe. Destacando-se especialmente na xilogravura, o jovem foi incorporado ao time de artistas da Galeria Estação, onde já realizou duas exposições individuais, em 2016 e em 2018.
Hoje com 22 anos, Santídio chamou a atenção de outros artistas, colecionadores e profissionais da arte pela sua juventude e o domínio da técnica, que para ele é uma mistura entre a pintura, o desenho e a escultura. Ele já expôs em unidades do SESC em São Paulo, Instituto Tomie Ohtake, Centro Cultural São Paulo e na feira Pinta, em Miami, dentre espaços. Desde o início de fevereiro e com o apoio da galeria Estação, ele passou a realizar uma residência artística oferecida pelo AnnexB, entidade que visa impulsionar artistas brasileiros em Nova Iorque.
Fundada em 2016, a instituição mantém um programa de residências exclusivamente para artistas brasileiros, tendo recebido desde sua fundação nomes como Dalton de Paulo, Carla Chaim, Nino Cais e Ivan Grilo. AnnexB foi idealizado por Larissa Ferreira e tem Tatiane Schilaro como diretora criativa. Recentemente, foi anunciado que o espaço será o lugar que acolherá o vencedor do recém anunciado Prêmio Parque Lage.
Durante o mês de residência, até o começo de março, Santídio não só desenvolveu novos trabalhos como também realizou atividades pela cidade, como uma oficina para crianças na Lilian Weber School of the Arts, em parceria com a Anne Fontaine Foundation. Ao longo de sua estadia, ele conheceu o paulistano Moisés Patrício, que foi capa de nossa edição 43 com obra da série Aceita?, com quem trocou experiências e floresceu uma amizade.
Também no início de março, Santídio inaugurou uma exposição com algumas das obras produzidas no AnnexB, adicionada a outras que levou do Brasil. A mostra, que se prolonga até o dia 19 de abril, acontece em um dos locais da b[x], espaço que recebe artistas, criativos e tecnologistas para atividades. Com curadoria de Schilaro, ela foi intitulada Between Two Skies e tem são seis xilogravuas produzidas em 2016 e 12 monotipias desenvolvidas pelo artista durante seu período em residência no AnnexB. Para a curadora, a mostra “convida-nos a imaginar o colapso do horizonte, a multiplicação de firmamentos e terrenos ao se tornarem um só”.
Ainda este ano, ele realizará sua segunda exposição internacional, desta vez cruzando o oceano até Paris, onde apresentará obras na Fondation Cartier pour l’art contemporain. A instituição “dedica-se a promover e aumentar a consciência pública sobre a arte contemporânea. A cada ano, a Fondation Cartier organiza um programa de exposições baseadas em artistas ou temas individuais e comissionamento de artistas, enriquecendo assim uma importante coleção”. Por lá já passaram vários nome de artistas brasileiros, como Beatriz Milhazes, Luiz Zerbini, Adriana Varejão e Véio. A exposição na Cartier será uma coletiva, que tem como temática a ideia da árvore e acontecerá entre 9 de julho e 10 de novembro deste ano.