É cada vez maior a inclinação dos artistas para se conectar com seu entorno e, de alguma maneira, trazer na sua obra uma reflexão permanente sobre o momento que lhes toca viver.
Esta não é nenhuma novidade, tanto é que, ao longo da historia e em todas as épocas a realidade puxou as rupturas e foi ela que impulsionou a construção de muitos movimentos artísticos e obras icônicas na história da arte.
É o caso da “Guernica” de Picasso, que imortalizou o bombardeio da cidade espanhola, das telas de Portinari sobre os imigrantes ou das imagens do apreço pela violência norte-americana nas telas de Andy Warhol, para citar exemplos até distantes em suas concepções.
Mas se isto sempre foi assim o que mudou?
Ao longo do tempo sempre houve escolhas estéticas e éticas, na intenção do artista e na recepção do espectador. Quando o filósofo e crítico de arte Richard Wollheim, em seu livro A Arte e seus Objetos, discute se as obras de arte não seriam “qualquer coisa além de objetos físicos” , ele afirma que “a intenção antecipa a visão de representação”.
O que muda em cada época, no meu entendimento, é como o artista tenta traduzir sua inadequação à sua época. Artistas costumam ser inadequados explícitos e a “representação artística” parece ter sido, ao longo da história humana, o melhor caminho para “ser no mundo” e “encontrar um lugar de fala”. À beira do abismo, no delírio ou na negação, artistas traduzem de uma ou de outra forma algo que nos conta deles e de nós.
Porém, esta ideia que aparentemente estaria mais do que internalizada no Século XXI – após a ruptura das primeiras vanguardas há cem anos-, parece ser questionada hoje, não pela crítica acadêmica e sim pelo “homem neoliberal”, que aposta “na adequação”, em um mundo “moldado exclusivamente para ele”, em um mundo nos condomínios, cercado de garantias e certezas. Um homem que não vê nem sofre com a degradação do planeta, com a violência crescente produto da cada vez maior desigualdade social. Um homem que não vê nem quer saber do outro.
Esse homem não quer saber de ARTE. Ele só escolhe espelhos. Ele só valoriza objetos físicos que, de preferência, não o perturbem de forma alguma e lhe tragam paz de espirito.
Aqui, falamos de ARTE.
Incrível a Supernova de Sergio Coimbra!!!