Uma seleção de 126 obras do acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) transforma o Salão Monumental e algumas áreas do terceiro andar da instituição numa espécie de jardim de esculturas. Reunindo trabalhos de 107 artistas de diferentes épocas, lugares e linguagens, Estado Bruto revela a abrangência e a diversidade das coleções do museu.
A maior exposição de esculturas já montada pelo MAM Rio tem curadoria da dupla de diretores artísticos Keyna Eleison e Pablo Lafuente e da curadora adjunta Beatriz Lemos, e busca familiarizar-se com e refletir sobre os acervos da instituição e as histórias criadas a partir deles – dando continuidade às propostas apresentadas em 2020, nas nomeações de Eleison, Lafuente e Lemos aos seus respectivos cargos. A partir da disposição das obras no espaço, a mostra traz especial foco ao volume gerado pelos processos de acumulação patrimonial. “Estado Bruto trata da materialidade escultórica e do ambiente das reservas técnicas de um museu. Aqui nos interessa evidenciar o acúmulo como ponto de reflexão e potencializar a imagem da multidão”, explica a curadora adjunta.
Assim, quem visita a mostra se depara com uma divisão das obras por núcleos bastante sutil, que corrobora para os intuitos principais de oferecer uma visão de conjunto e suscitar um questionamento sobre os efeitos que os processos de colecionismo e conservação patrimonial têm na escrita das histórias sobre arte e cultura.
A construção dessas narrativas também passa pelas “presenças e ausências” do museu, como pontuou Keyna Eleison em seu discurso de posse. Dentre os 126 trabalhos expostos em Estado Bruto, 24 peças não eram exibidas há mais de 20 anos. O contato do público com essas oferece a possibilidade de pensar sobre os modos de compartilhamento – e às vezes de esquecimento – desse patrimônio. Na exposição, as obras são acompanhadas por informações que nos contam o momento de inclusão nos acervos do MAM Rio e o número de aparições públicas durante as últimas duas décadas – “dados que fazem parte dos sistemas de conhecimento que dão origem à escrita da história do museu e, por extensão, das muitas histórias da arte”, explicam Eleison, Lafuente e Lemos no texto curatorial. Para eles, a exposição dessas obras é uma forma de rever essas histórias, que são sempre parciais, e que “estão em contínuo processo de reescritura”.
A multidão de esculturas também aponta para outra relação. “A montagem nos possibilita vivenciar uma outra espacialidade entre espectador e obras, ao trazer grandes volumes escultóricos na altura do chão ou em agrupamentos por núcleos”, avalia Beatriz Lemos. Propiciando um caminhar em meio às diferentes poéticas dos trabalhos de Amilcar de Castro, Auguste Rodin, Celeida Tostes, Cildo Meireles, Constantin Brancusi, Franz Weissman, Lina Kim, Lygia Clark, Márcia X, Maria Martins, Mestre Didi, Nelson Leirner, Nuno Ramos e Tunga – entre tantos outros -, “Estado Bruto propõe um encontro entre corpos diversos, incluindo aí o público, num momento em que os corpos precisam se afastar”, completa Keyna Eleison.
ESTADO BRUTO
ONDE: MAM Rio – Av. Infante Dom Henrique, 85. Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro (RJ)
QUANDO: 6 de maio a 29 de agosto de 2021.
Quinta e sexta, das 13h às 18h. Sábado e domingo, das 10h às 18h
INGRESSOS: Contribuição sugerida, com opção de acesso gratuito. Adultos: R$ 20. Idosos, crianças e estudantes: R$ 10. Agende sua visita clicando aqui.