As tramas em palha de palmeira piaçava no litoral Norte da Bahia criam um diálogo claro com a cestaria feita no litoral Norte de Cabo Delgado, em Moçambique, bem como os grafismos da cestaria tradicional dos povos Baniwa, da Amazônia, se encontram com os desenhos produzidos pela artesã Makeba em São Tomé e Príncipe. As esculturas Makonde remetem aos trabalhos do escultor popular GTO, de Minas Gerais, e os tecidos feitos nos teares de Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe parecem contar uma história conjunta com aqueles produzidos e bordados em diversos Estados brasileiros. Esses são alguns dos vários encontros culturais que formam Países Espelhados: objetos, imagens, sabores, memórias, em cartaz no Sesc Consolação.
Com curadoria de Renato Imbroisi, a exposição reflete sobre as semelhanças entre o Brasil e os cinco países africanos que também foram colonizados por portugueses: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Reunindo artesanatos de cada uma dessas nações, a mostra busca celebrar os traços comuns e revelar as possibilidades de se reconhecer no outro.
“Na primeira vez que eu pisei no continente africano, em Moçambique, parecia que eu estava em casa”, conta o curador. Suas visitas à África foram sistemáticas. Imbroisi já tinha uma vasta experiência com projetos de design e artesanato no Brasil e, entre 2003 e 2019, desenvolveu com outros profissionais uma série de oficinas em diferentes países africanos, visando fomentar e revitalizar o artesanato local, gerando também renda para pessoas dessas comunidades. Ali, deparou-se com as semelhanças e pôde conhecer artistas e artesãos que hoje formam Países Espelhados.
A arte!brasileiros visitou a exposição e conversou com o curador sobre a história e os conceitos que a permeiam. Assista ao vídeo:
Países Espelhados fica aberta até 26 de junho e pode ser visitada gratuitamente de terça a sexta, das 15h às 21h, e aos sábados, das 10h às 14h, mediante agendamento prévio pelo site do Sesc Consolação. A permanência máxima na unidade é de 60 minutos e o uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas durante toda a visita.