Em fevereiro, quando a Art Basel Hong Kong (ABHK) teve que cancelar sua edição 2020, em meio a protestos devido ao surto inicial do novo Coronavírus (Covid-19) na China, foi anunciado que uma plataforma digital seria oferecida aos expositores que planejavam participar da feira. De 20 a 25 de março, a ABHK lançou ao público suas salas de visualização on-line (abertas aos VIPs no dia 18). As salas on-line estiveram acessíveis em artbasel.com/viewingrooms e no aplicativo Art Basel.
Entre as galerias participantes estiveram quatro casas brasileiras, apoiadas pelo Projeto Latitude (Platform for Brazilian Art Galleries Abroad). Foram elas Bergamin & Gomide, Fortes D’Aloia & Gabriel, Mendes Wood DM e Galeria Nara Roesler. Em declaração oficial, a feira afirmou que “com 235 galerias e mais de 2K obras, a nova iniciativa uniu a comunidade de arte durante um período desafiador; colecionadores se juntaram para fazer os tours virtuais e contemplarem as exposições online, inventando novas formas de curtir a feira”. A organização ainda anunciou que esta edição inaugural da Art Basel Viewing Rooms juntou 250 mil visitantes de todo o mundo. Ela funcionará, a partir de agora, como plataforma adicional para apresentar a feira ao mundo todo.
Embora alguns participantes não tenham aderido à iniciativa, a ABHK contou ainda com grande maioria das galerias programadas para participar da feira física, totalizando 231, cerca de 90% delas, incluindo casas de peso como Gagosian, Pace e David Zwirner. Foi calculado que as obras expostas totalizam mais de US$ 250 milhões.
A mudança de formato incentivou as galerias a mostrarem diferentes tipos de obra, melhor encaixados ao espaço virtual e às telas. Um ponto positivo é a possibilidade quase ilimitada de expor trabalhos audiovisuais que no espaço físico – por conta do som – poderiam interferir umas com as outras.
Em um comunicado, Adeline Ooi, diretora da Art Basel no continente asiático, afirmou estar satisfeita com a possibilidade de oferecer uma plataforma alternativa para mostrar as obras que eles estariam trabalhando tanto para trazer a Hong Kong, complementando que: “Embora nada possa substituir a experiência de ver a arte pessoalmente, esperamos que essa iniciativa traga algum apoio e visibilidade a todas as galerias e seus artistas afetados pelo cancelamento do show de março”.
Com Just Kids!, a Galeria Chi-wen, de Taipei, mostrou uma seleção de obras de jovens fotógrafos de Taiwan, exibindo menos fotografias que o esperado, optando por publicar fotolivros e apresentar o trabalho completo no próximo ano. Também pela Galeria Chi-wen, foi apresentada a obra If I had the words to tell you we wouldn’t be here now (2019), uma performance ao vivo por Victoria Sin e documentada em vídeo.
Outros destaques foram Life Shines On (2019), de Yayoi Kusama, trazida pela Ota Fine Arts com imagens internas e externas da obra e uma descrição feita pela própria Kusama para fornecer uma compreensão mais extensa deste trabalho. Além desses 3 projetos, a Galeria Jessica Silverman, de São Francisco, apresentou uma individual de Woody de Othello, e a Fergus McCaffrey, de Nova Iorque, trouxe uma coletiva focada na relação entre Japão e EUA no pós-guerra através dos trabalhos de Jasper Johns, Miyako Ishiuchi, Natsuyuki Nakanishi, Ed Ruscha, Robert Rauschenberg e Toshio Yoshida, entre outros.
Por fim, My Room is Another Fishbowl (2016) – na foto em destaque – também ganhou os holofotes. A instalação de Philippe Parreno, concebida pelo Tate Modern para o seu Turbine Hall, é composta por 90 balões em filme mylar serigrafados para parecerem peixes reais.