A segunda edição da BIENALSUR, que tem como proposta se expandir para diversas cidades do mundo, terá a sua inauguração na Argentina nos dias 19 e 20 de maio, especificamente em duas cidades da ilha de Tierra del Fuego, Ushuaia e Rio Grande. Além das exposições e outras atividades nas cidades-sede, a BIENALSUR terá simultaneamente, em 20 países, mais de 100 mostras vinculadas ao evento, que incluíram 400 artistas do mundo todo.
Para Aníbal Jozami, diretor geral da BIENALSUR e reitor da Universidade Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), a escolha da província para sediar a inauguração é importante por estar “no Sul do Sul”, o que se refere a algo muito mais do que uma realidade geográfica. Diana Wechsler, curadora da e diretora artístico-acadêmica da BIENALSUR, explica que a escolha da Tierra del Fuego é profundamente simbólica, “pois permite avançar no desenho de novas rotas artísticas possíveis, reconfigurar a cartografia existente e apontar novas formas inéditas, simultâneas, fronteiras, capazes de expandir seus próprios limites”.
No primeiro dia da abertura, 19 de maio, em Ushuaia, será inaugurada a exposição Arte y territorio, no Museo del Fin del Mundo. Entre os artistas participantes dessa coletiva de videoarte está a brasileira Anna Bella Geiger, além do canadense Kapwani Kiwanga e do alemão Harun Farocki. As obras fazem referência aos modos de se explicar o que é um território e também a como ocupar um. Na mesma instituição, o artista e biólogo Paul La Padula mostra sua obra La mirada que construye mundo, “colagem que conta uma história anacrônica da natureza”.
Os artistas Voluspa Jarpa (Chile), Magdalena Jitrik (Argentina), Christian Boltanski (França) e Mariana Telleria (Argentina) integram uma exposição no Aeroclube Ushuaia, intitulada Banderas del fin del mundo, em alusão ao apelido dado à cidade, “a cidade do fim do mundo”, por se encontrar ao extremo sul do globo terrestre. Nessa coletiva, os artistas desenvolveram bandeiras que acompanham o projeto Draw me a flag, formulado por Boltanski para a Fundação Cartier, em Paris. De acordo com a organização da bienal, a criação da instalação terá o acompanhamento musical de OIANT (Orquesta de instrumentos autóctonos y nuevas tecnologías de UNTREF).
Já no dia 20, na cidade do Rio Grande, no Museo Fueguino de Arte (Centro Cultural Yaganes), acontecerão três exposições: duas individuais — El agua que apagó el fuego, de Gustavo Groh, e Dos, tres, muchas, de Esteban Álvarez, ambos argentinos — e uma coletiva — Paisajes entre paisajes. Na coletiva, formada apenas por obras de artistas mulheres, destaque para a participação de três brasileiras: Berna Reale, Lia Chaia e Dora Longo Bahía, além de Carla Zaccagnini, argentina radicada no Brasil. Paisajes entre paisaje mostra “como a paisagem é um tópico que estimulou viagens e fantasias; Isso chamou a atenção de cientistas, escritores e artistas visuais ao longo da história, e isso dá a possibilidade de capturar a imensidão da natureza”.
É a primeira vez que atividades relacionadas à BIENALSUR acontecem em Tierra del Fuego, reforçando sua missão de mostrar e refletir sobre a arte contemporânea, como buscam evidenciar em programas públicos através de palestras, oficinas, projeções, leituras compartilhadas e outras atividades que possam surgir da troca entre diferentes sujeitos do espaço social e cultural.
As próximas aberturas acontecerão em Tucumán, ao noroeste da República Argentina, em 25 de maio; em Rosário nos dias 5 e 6 de junho e em Córdova em 13 de junho. Na capital argentina, a BIENALSUR deve chegar apenas entre os dias 22 de 29 de junho, quando alcança seu ponto máximo, por ocupar espaços importantes em muitas das mais importantes instituições de Buenos Aires. Entre as exposições em outras localidades do mundo, as primeiras aberturas serão na Suíça, nos dias 8 e 9. A programação da BIENALSUR continua até novembro.