“Engana-te quem diz / teu futuro será o espelho dessa grandeza”. Os versos do poema, datado de 1976, de Anna Maria Maiolino que abre o livro AI-5 50 anos: ainda não terminou de acabar funcionam como uma epígrafe não apenas para a publicação, mas também para a situação na qual o Brasil se encontra hoje. Para Paulo Miyada, organizador do livro e curador da exposição que deu origem a ele, “o que se vive agora é um rescaldo ardente do quão profundo foi o dano deixado pelos anos do regime militar, agravado pelo caráter precário das instituições democráticas que não foram tão revistas e fortalecidas nas últimas três décadas quanto teria sido necessário”.
O trecho está presente no artigo Não terminou de acabar, que faz parte do livro e foi publicado originalmente na plataforma arte!brasileiros em novembro de 2018, sob o subtítulo As lacunas na memória brasileira e a extensão do AI-5.
Nessa conjuntura, reunir o material de uma das exposições mais importantes dos últimos anos em um livro é uma forma de não permitir que as lacunas existam, registrando a memória de forma física, com colaboração de mais de 80 artistas e autores em 600 páginas de artigos, textos sobre artistas, fac-símiles, imagens, dentre outros. Feita de forma colaborativa, por meio de doações, a arrecadação dos meios necessários para a produção e impressão da publicação foi feita com êxito. Isso mostra que muita gente não está disposta a esquecer.
*Em 2020, o livro recebeu o Prêmio Jabuti de melhor ensaio na categoria artes.
AI-5 50 ANOS: ainda não terminou de acabar
Instituto Tomie Ohtake
R$ 60,00