Sair de casa só de máscara

 

Esta é uma postagem permanentemente atualizada pela redação ARTE!Brasileiros sobre os impactos da pandemia do novo coronavírus, no conjunto de eventos internacionais do circuito. Assim, à medida que as notícias são anunciadas – em relação à postergação ou confirmação de eventos e feiras, criação de fundos estatais para ajuda às instituições culturais e artistas etc. – esse post será modificado para manter nosso leitor informado.

Na última atualização:

Atualização de agenda internacional de eventos ainda confirmados

Fonte: ArtNews

14 de março a 8 de junho: Bienal de Sidney (permanece mas será movida para ambiente digital)

28 de maio a 31 de maio: Art Paris

13 de junho a 13 de setembro: 11th Berlin Biennale for Contemporary Art 

25 de junho a 28 de junho: Art Brussels

25 de junho a 1º de julho: Masterpiece London

29 de agosto a 29 de novembro: Bienal de Arquitetura de Veneza

1º de setembro a 3 de setembro: Gallery Weekend Berlim

15 a 20 de setembro: Art Basel

3 de outubro a 13 de dezembro: Abertura da exposição principal da Bienal de São Paulo

31 de outubro a 4 de novembro: TEFAF de Nova Iorque, edição da primavera

19 de novembro a 26 de novembro: Art Cologne

Histórico de Fechamentos e Suspensões

No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Antes disso, o estado de emergência sanitária no Brasil já havia sido decretado, anterior até ao primeiro caso confirmado, no dia 26 de fevereiro. No Brasil, até o dia seis de abril, eram contabilizados 11.340 casos confirmados por coronavírus – o Ministério da Saúde está liberando diariamente um balanço com números atualizados. Visto o aumento dos casos, as medidas de quarentena estão programadas para continuarem por tempo maior, estimando que até o dia 22 de abril seja indicado ficar em casa. No estado de São Paulo, por exemplo, a quarentena – que havia sido estabelecida no dia 24 de março – foi prolongada até o dia 10 de maio para enfrentar a aceleração descontrolada de covid-19.

Sem exceção, o mundo da arte também está sendo afetado; algumas instituições culturais brasileiras já tomaram medidas ágeis como forma de responder seriamente à crise, no estado de São Paulo a abertura da exposição Tarsila: estudos e anotações, marcada para o dia 14 de março, no FAMA Museu – Fábrica de Arte Marcos Amaro, em Itu, foi adiada. A nova data para abertura da mostra será decidida em breve, com base nas orientações das autoridades de saúde.

A SP-Arte confirmou, na noite de 12 de março, a sua suspensão. O evento aconteceria em São Paulo entre 1 e 5 de abril. A organização lançou nota na qual afirma que é seu “compromisso garantir a segurança e saúde de expositores e visitantes” e que, por isso, a suspensão até que haja condições adequadas para a realização é necessária. No período da manhã, outra importante feira de arte da América Latina também adiou o evento: a arteBA, que iria ocorrer entre 16 e 19 de abril. A nova data deve ser anunciada quando tiver condições seguras, segundo nota oficial. 

Em Nova Iorque, seguindo a declaração de emergência feita pelo prefeito Bill de Blasio em uma coletiva de imprensa na tarde de 12 de março, instituições de arte da metrópole anunciaram um fechamento coletivo para ajudar na contenção da transmissão do coronavírus e assegurar a saúde e segurança de sua equipe e visitantes. O movimento liderado pelo Metropolitan Museum of Art – MET englobou também a Frick Collection, a Neue Galerie, o Museu Judeu e o Museu do Queens. 

No dia 13 de abril, em um e-mail para a equipe do MoMA PS1, a diretora Kate Fowle afirmou que a situação atual é a crise mais grave que a instituição já enfrentou e que seus impactos poderiam ser sentidos não apenas nos meses seguintes, mas também nos anos por vir. Na mensagem, Fowle explica que 80% das despesas mensais de US $ 600.000 do museu são dedicadas à folha de pagamento e benefícios para a equipe. Até 1º de maio o museu comprometeu-se a pagar o salário e os benefícios completos de todos os funcionários. Após a data, o PS1 colocará a maioria de seus funcionários, em todos os departamentos, sob licença, ao todo quarenta e sete trabalhadores – que juntos constituem mais de 70% da equipe do museu. Serão implementadas reversões salariais significativas de cinco a 40% para a equipe restante com salários acima de US $ 70.000. O museu continuará a cobrir a saúde total benefícios para quem atualmente recebe cobertura até 31 de julho, prazo para o qual o MoMA PS1 espera que seja limite para que os funcionários voltem de licença.

Já o irmão mais velho do PS1, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, em uma iniciativa para arrecadar fundos, colocou mais de 100 títulos clássicos à venda no site da MoMA Design Store. Na coleção estão monografias históricas, livros de instruções antigos, publicações sobre pintura e escultura da coleção do museu, seus preços variam de US $ 25 a US $ 2.500, e os recursos serão destinados às exposições e programas de educação.

O também novaiorquino MET passa por turbulências econômicas que levaram à demissão de 81 funcionários em seus serviços de visitação e departamentos de varejo. O museu afirmou no passado que provavelmente permanecerá fechado até julho e espera um déficit de US $ 100 milhões em receita. Junto com a notícia das demissões, foi informado que os executivos do museu receberiam cortes nos salários, o diretor e o presidente do museu tiveram cortes voluntários de 20%.

No dia 16 de março, o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou uma mudança na estratégia do governo para abordar a transmissão do coronavírus. Johnson pediu para que fossem fechados todos os teatros e pubs, especialmente na região londrina. Embora nenhuma direção tenha sido dada claramente no que remete às instituições artísticas, o grupo Tate anunciou que não mais abriria suas 4 galerias – Tate Modern, Tate Britain, Tate Liverpool, e Tate St Ives – até o dia 1º de maio, como uma medida de precaução tomada de forma unilateral entre o conselho e a diretora do grupo Maria Balshaw.

Pouco tempo depois do anúncio, o Victoria & Albert Museum e as Galerias Serpentine seguiram o exemplo. Há pouco, o Tate havia aberto exposições de peso em suas galerias, como retrospectiva de Andy Warhol, esperada para ser um blockbuster; uma grande individual por Theaster Gates; e a obra Fons Americanus comissionada a Kara Walker para o Turbine Hall do Tate Modern.

Reações

Por outro lado, instituições culturais da Europa e China estão tomando iniciativas virtuais para contornar a crise e levar arte a um público que se encontra atualmente isolado.

Na Alemanha, a Ministra de Cultura, Monika Grütters prometeu ajuda financeira estatal para instituições culturais e artistas cuja sobrevivência econômica pode ser ameaçada pela epidemia. A rogativa de Grütters foi reverberada pela Chanceler Angela Merkel, e menos de duas semanas depois, um comunicado de imprensa divulgado pelo ministério da cultura anuncia o apoio de € 50 bilhões fornecido, através do banco de desenvolvimento estatal Kreditanstalt für Wiederaufbau, especificamente para pequenas empresas e freelancers, incluindo os dos setores cultural, criativo e de mídia.

No dia 22 de abril, pequenos museus no estado alemão de Brandemburgo, na Alemanha, começaram a reabrir suas portas reverberando o aparente sucesso nas tentativas alemãs de combate ao coronavírus. A decisão vem acompanhada de recomendações da Associação de Museus de Brandemburgo que incluem a construção de escudos de plexiglass para coleta de ingressos, exigência de máscaras e a limitação de visitantes. Também estão sendo considerados horários para visitantes vulneráveis, como crianças, idosos e deficientes. Diretrizes de segurança como essas estão serão seguidas em todo o país, o que explica que as instituições dos maiores centros metropolitanos da Alemanha não tenham previsão de reabertura antes do começo de maio; segundo oSegundo o prefeito de Berlim, Michael Müller, os museus do estado, incluindo o Museu Altes, o Hamburger Bahnhof e o Museu Bodes, poderão reabrir no dia quatro de maio.

No Reino Unido, o Conselho da Inglaterra para as Artes (ACE)  anunciou um plano de ação para ajudar o setor cultural a suportar a crise do coronavírus, incluindo artistas e freelancers que podem sofrer danos econômicos devido à pandemia. O pacote completo do Conselho inclui 90 milhões de libras destinadas para as mais de 800 organizações que apoia em seu portfólio nacional, e mais 50 milhões de libras que serão disponibilizadas para organizações que não recebem financiamento regular do conselho. Já para oferecer um alívio para os artistas individuais e freelancers da indústria criativa – que não estavam suficientemente cobertos pelo pacote de resgate já existente – foi disponibilizado também um resgate de 20 milhões de libras. O Conselho é um órgão público que investe dinheiro do governo e do Fundo Nacional de Loteria em iniciativas e instituições de artes e cultura em toda a Inglaterra.

Em Londres, as Galerias Serpentine – em conjunto com Judy Chicago, Jane Fonda, o crítico Hans Ulrich Obrist e o artista Swoon – lançaram o projeto Create Art For Earth em comemoração aos 50 anos do Dia da Terra. “É hora de usar nossos talentos em prol da sobrevivência.”, diz o apelo do projeto. Seguindo a linha das iniciativas virtuais, pessoas de todo o mundo podem enviar suas próprias criações para a campanha por meio de uma hashtag correspondente. “Um esforço para inundar o mundo com arte que apresenta imagens de cura, de cuidar, de reparação e de união”. Uma seleção das obras será exposta na internet pelas Galerias Serpentine. Create Art For Earth tem apoio do Greenpeace e do Museu Nacional das Mulheres nas Artes.

Na Itália – onde medidas como o fechamento de “serviços não essenciais” para conter a propagação do vírus foram anunciadas pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte no dia 11 de março -, a diretora do Castello di Rivoli, Carolyn Christov-Bakargiev, entrou em uma maratona para tornar virtuais as exibições e coleções do museu, que fica próximo a Turim. Ela comentou, à Artnet News, isso é  “dever público” do museu –  que abriu 3 exposições especiais recentemente -, já que 60 milhões de italianos foram colocados em isolamento. Ela complementou que “é importante para o estado de espírito das pessoas”, servindo como uma alternativa à correnteza de anúncios de saúde pública que acaba criando um estado psicológico estressante. Para tal, a equipe do museu tem criado “tours virtuais” de arte moderna e contemporânea do museu que estão sendo disponibilizados na plataforma Digital Cosmos

Em Hong Kong, a ART Power HK, uma plataforma online reunindo galerias, museus e casas de leilão, foi lançada para servir como um espaço alternativo para exibições, manter momentum da cena artística local e prevenir maiores desestabilizações no mundo da arte, tendo em vista que a epidemia já causou cancelamentos de eventos culturais como feiras e aberturas de museus. Seguindo esses passos, a Art Basel Hong Kong criou salas de exibição virtual contando com quatro galerias brasileiras, tal iniciativa será continuada em edições futuras da feira.

 

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