Um debate com desfecho surpreendente ocorreu depois da morte do Barão do Rio Branco, uma semana antes do Carnaval de 1912. Uma turma queria manter a folia em fevereiro. Outra defendia que a festa fosse adiada para abril. No final, os moradores do Rio de Janeiro festejaram nas duas datas.
Ministro das Relações Exteriores, José Maria Paranhos da Silva, o Barão do Rio Branco, era uma figura respeitada e popular, em especial por ter consolidado e expandido as fronteiras brasileiras. Só para se ter uma ideia, ele conseguiu a anexação do Acre, em 1903, em pleno ciclo da borracha.
Assim que a notícia de sua morte se espalhou pelo Rio o comércio fechou as portas. Na sequência, o presidente, o marechal Hermes da Fonseca, decretou luto oficial e o Carnaval foi adiado para abril. Os festejos de rua, no entanto, explodiram na semana seguinte ao enterro do barão.
Em abril, quando os clubes promoveram o Carnaval oficial, a população voltou às ruas. Uma marchinha fez sucesso. Dizia: “Com a morte do Barão/ Tivemos dois Carnavá / Ai! Que bom! Ai! Que gostoso! / Se morresse o Marechá!” . O marechal, no caso, era o impopular Hermes da Fonseca.
A dupla comemoração constatou, na prática, uma frase atribuída ao barão: “Existem no Brasil apenas duas coisas realmente organizadas: a desordem e o Carnaval”.
A singularidade de 1912 é objeto de dissertação de mestrado “O Sonho de Todo Folião – Um Ano com Dois Carnavais (Rio de Janeiro –1912)”, defendida por Débora Paiva Monteiro na Universidade Federal Fluminense. Leia mais: http://www.historia.uff.br/stricto/td/1605.pdf