Após passar pela galeria Gomide&Co, em São Paulo, entre o fim de 2021 e o início deste ano, a mostra Francisco Brennand: Um primitivo entre os modernos ganha nova versão no Rio de Janeiro na Carpintaria (braço carioca da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel). Com curadoria de Julieta González, atual diretora artística de Inhotim, a exposição fica em cartaz na casa carioca entre 19 de fevereiro e 9 de abril de 2022.
Segundo o texto de divulgação, a exposição é guiada pela afirmação de Brennand (1927-2019) de possuir uma consciência moderna, ao mesmo tempo em que reivindica sua ancestralidade, um coração antigo: “Minha arte é moderna. […] E ela se refere sempre a uma ancestralidade, a uns arcaísmos e, sobretudo, a arquétipos. Então, neste momento, eu permaneço moderno e propositadamente antigo. Sobretudo quando trabalho com cerâmica”.
Nas palavras de Julieta González, “Brennand optou por trabalhar contra a corrente de abstração geométrica e mais perto da infexão primitivista que informava suas explorações de formas primitivas e arcaicas. Durante toda sua vida, ele desenvolveu uma linguagem pessoal independente das narrativas artísticas dominantes que informavam a arte de seus contemporâneos no Rio e em São Paulo. […] A abordagem de Brennand parece orientada para um reencantamento que implicaria em um retorno à natureza, às tradições arcaicas e a uma visão alquímica que reside na transmutação de elementos e abre espaço para outras formas de vida, incluindo a de objetos aparentemente inanimados.”
Estariam neste universo híbridos entre o mundo humano, vegetal e animal, ovos parindo serpentes, fontes de vida que emergem da fusão de pedaços do corpo e órgãos sexuais e uma inflexão animista preponderante que correm por toda sua obra, particularmente pelas suas esculturas em cerâmica. A mostra não deixa de apresentar também algumas pinturas.
A exposição coincide com o cinquentenário da Oficina Brennand, recentemente transformada em instituto (para saber mais, leia aqui matéria de Miguel Groisman publicada na edição #57 da arte!brasileiros). É na Oficina Brennand que a poética do artista encontra sua totalidade, segundo o texto de González. “Júlia Rebouças, curadora residente da Oficina, pontua que ‘ao invocar ancestralidades e evocar cosmovisões, a Oficina existe como arte em seu estado imemorial. Ela se inscreve no tempo mineral da pedra, ainda que pertença à efemeridade da terra’.”
SERVIÇO: “Francisco Brennand: Um primitivo entre os modernos”
Até 9 de abril; de ter à sex 10h – 19h | sáb 10h – 18h
Carpintaria: Rua Jardim Botânico, 971 — Rio de Janeiro