Em anúncio feito nesta segunda-feira, 9 de maio, a National Gallery de Londres anunciou a retirada do nome da família Sackler de seus salões. Em comunicado conjunto com a Dr Mortimer and Theresa Sackler Foundation – a instituição de caridade da família no Reino Unido –, a instituição afirma que ambas as partes “concordaram que, após 30 anos, a nomeação da Sala 34 como a Galeria Sackler deveria chegar ao fim”. O movimento do museu segue a crescente demanda para que as instituições se desvinculem dos magnatas farmacêuticos, associados à Purdue Pharma, fabricante do analgésico Oxicodona. Nos últimos anos, os EUA têm vivido uma crise de saúde pública graças ao uso indiscriminado dos opiáceos (família de medicamentos derivados da papoula, dos quais a Oxicodona faz parte). Há, ainda, alegações de que a Purdue Pharma teria ocultado deliberadamente seu potencial de dependência.
Concomitantemente, em Nova York, decisão parecida foi tomada pelo Guggenheim Museum, de forma silenciosa, porém. Durante décadas o museu foi beneficiado com generosas doações dos oligarcas e chegou a honrá-los ao dar seu nome para o Centro de Educação Artística. O site do museu, no entanto, não exibe relação qualquer com os donos da Purdue Pharma.
Antes dos recentes episódios, o grupo Tate, as Serpentine Galleries, o British Museum – todos ingleses -, o Metropolitan Museum of Art de Nova York e o Musée du Louvre, em Paris, já haviam removido a menção ao nome Sackler de suas galerias e edifícios.
Na Inglaterra, a última medida da National Gallery pode aumentar a pressão sobre o Victoria and Albert Museum, que abriu um pátio com o nome dos Sackler em 2017 após uma doação de US$ 9,9 milhões.
Já nos Estados Unidos, um acordo entre os Sackler e o Estado americano – que garantiria à família Sackler imunidade em processos relacionados ao opiáceo – enfrentava oposição de nove procuradores gerais. No começo de março suas objeções foram abandonadas, possibilitando a decisão. Em troca, os Sackler deverão pagar US$ 6 bilhões ao Estado. Alguns críticos ao acordo apontam que, segundo documentos judiciais, a família teria recebido US$ 10 bilhões ao longo dos anos em lucros relativos à Oxicodona, outros apontam que o aporte acordado será logo recuperado pela família e fica aquém do montante de US$ 1 trilhão gasto anualmente pelos EUA com a crise de opiáceos.