Sesc Pinheiros, unidade que receberá o seminário Brasis – Territórios Dissonantes
Sesc Pinheiros, unidade onde ocorrerá o seminário "Brasis – Territórios Dissonantes". Foto: Creative Commons

“Urge discutir publicamente os problemas da crônica desigualdade socioeconômica, da captura do Estado por agendas corporativas, do racismo estrutural e, nas antípodas, da autodeterminação dos povos e comunidades, do reconhecimento e valorização das diferentes matrizes culturais e, também, da inadiável reparação histórica devida a povos preteridos pelo Brasil no singular”, declara o Diretor Regional do Sesc São Paulo Danilo Santos de Miranda. É neste sentido que se organiza o seminário Brasis – Territórios Dissonantes, que acontece nos dias 28, 29 e 30 de junho e 05, 06 e 07 de julho no Teatro Paulo Autran no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

No ano do centenário da Semana de Arte Moderna e do bicentenário da Independência do Brasil, o evento reunirá intelectuais e artistas a fim de refletir sobre os cruzamentos históricos entre estes dois determinantes eventos do nosso passado com o Brasil dos dias de hoje.

Abordando temas como novas vozes na produção cultural, literatura indígena, conquistas sociais do último século e resistências da arte à violência colonial contemporânea, a programação é formada por mesas de debates, conferências e intervenções artísticas e integra a ação em rede Diversos 22: Projetos, Memórias, Conexões, desenvolvida pelo Sesc São Paulo. As inscrições podem ser realizadas para todo o programa ou cada dia do evento no site da unidade.

PROGRAMAÇÃO

28 de junho

18h – As aranhas, os guarani e alguns europeus: notas para descolonizar o inconsciente e livrá-lo da peste fascista
A pesquisadora Suely Rolnik propõe: “Impossível combater cenários distópicos (como este de agora, causado pela peste fascista) sem enfrentar o regime de inconsciente dominante. Para este enfrentamento micropolítico serão apresentadas sugestões baseadas em ressonâncias entre as aranhas, os Guarani e alguns europeus”.

20h – Abertura contextualizando o Seminário “Brasis: Territórios Dissonantes” no âmbito das ações do Diversos 22.

20h15 – Abertura-manifesto com DJ KL Jay.
O DJ dos Racionais MC’s apresenta uma narrativa em ritmo e poesia sobre o Brasil, mixando músicas, trechos de falas e sonoridades variadas para criar uma enunciação musical que represente um olhar negro e periférico sobre a história do país.

20h30 – Conferência de abertura: quem inventou o Brasil?
A conferência – guiada por Cida Bento e com provocação de Thiago Amparo – convida a refletir sobre os imperativos de descolonização do pensamento na contemporaneidade e como organizações político-culturais contra hegemônicas atuam na desconstrução de narrativas hierárquicas de gênero, raça, posição e orientação sexual, classe e origem.

29 de junho

18h – Defender os mortos e animar os vivos: Resistências da arte à violência colonial contemporânea
Conduzido pelo curador Moacir dos Anjos, o encontro propõe uma reinterpretação e reinvenção de imagens do Brasil do século XIX na produção de arte contemporânea.

20h – Abertura-manifesto: Sa(n)grado
Coletivo Há-Manas (Tânia Granussi, Branca Gonzaga e Esther Antunes), em parceria com as artistas Branca Gonzaga e Esther Antunes, realiza uma performance com o texto O mundo é o meu trauma de Jota Mombaça.

20h15 – MESA: Entre três Brasis (1822, 1922 e 2022)
Lilia Schwarcz e Gênese Andrade | Provocação: Jeferson Tenório
Quais os pontos de aproximação e divergência entre os Brasis da Independência, da Semana de Arte Moderna e da atualidade? Se por um lado, verifica-se a continuidade dos processos excludentes e violentos de nossa formação socioeconômica, como pensar as rupturas e conquistas sociais do último século?

30 de junho

18h – Brasis refletidos em cena
Conduzido por Jaqueline Elesbão, o encontro questiona: Entre antropofagia e brasilidade, história real e utopia, de que Brasis falam os encenadores de artes cênicas?

20h – Abertura-manifesto com Bia Ferreira
O desdobramento do afeto como ferramenta de comunicação é a aposta da artista, que parte de experiências cotidianas e próximas de seu íntimo para se aproximar, tocando em dimensõ es partilhadas de repressão e violência – especialmente contra a população negra e LGBTQIA+.

20h15 – MESA: Vozes resistentes narrram o Brasil
Com Tiago Torres (Chavoso da USP) e Katú Mirim | Provocação: Rita Von Hunty
O Brasil tematizado pelos românticos e modernos foi narrado por vozes específicas: masculinas, brancas, burguesas, donas de terras. A despeito de continuarmos sendo um país excludente e de produção cultural elitizada, o último século assistiu ao fortalecimento de novas vozes na literatura, na música, no cinema.

5 DE JULHO

19h – Praça (térreo) – BOCAAAAAAA
Inspirado na obra musical a Bachiana Brasileira n°7, o solo de Allysson Amaral invoca o princípio dinâmico de Exú, Exú Enugbarijo – a boca coletiva (boca do mundo) que engole de um jeito para cuspir de forma transformada de outro.

20h – Corpo-terra e contracolonialidade
A multiplicidade dos corpos, dos territórios e seus modos de existir e combater a colonialidade será ponto de partida para reflexões do mestre quilombola Nego Bispo.

6 DE JULHO

19h – Praça (térreo) – Tudo de novo
O solo de Beatriz Sano integra o projeto Solos Brasileiros: Danças para Villa-Lobos a convite da Oficina Oswald de Andrade de São Paulo, em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna.

20h – Livros-povos: a literatura indígena Macuxi e Taurepang
Por meio da literatura indígena, Julie Dorrico apresentará sua obra que invoca Makunaima; a poesia de Sony Ferseck, também escritora Macuxi; e Clemente Flores (Taurepang) e Devair Fiorotti (não indígena).

7 DE JULHO

20h – Palavra viva: uma complexa dramaturgia dos afetos | Lançamento do livro Palavra Viva
Com Dione Carlos, Leda Maria Martins, Valmir Santos | Mediação: Rosane Borges
A complexa dramaturgia de afetos na obra de Dione Carlos e o aquilombamento como tecnologia para publicação literária. Lançamento do livro Palavra Viva.

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