Page 58 - ARTE!Brasileiros #37
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DESTAQUES CHAPÉU






                                                                    RODRIGO BRAGA, artista manauara, cresceu no
                                                                    Recife, Pernambuco, e, criado às margens do rio
                                                                    Capibaribe, sempre teve uma íntima relação com
                                                                    a natureza. Seu trabalho, que envolve diferentes
                                                                    técnicas e linguagens, está obsessivamente con-
                                                                    taminado pela sua pesquisa e reflexão da relação
                                                                    homem-natureza. Desenho, pintura, escultura,
                                                                    fotografia e vídeo formaram a geração que se gra -
                                                                    duou em 2002 na escola de Artes Plásticas da Uni
                                                                                                             -
                                                                    versidade Federal de Pernambuco. Para Rodrigo,
                                                                    “uma geração que cresceu pouco influenciada pelo
                                                                    mercado, inexistente na época no Recife, e muito
                                                                    beneficiada por projetos de incentivos culturais”.
                                                                    Prêmios e bolsas como o Estímulo à Criação Artís-
                                                                    tica, o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, a Bolsa da
                                                                    Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj (Recife, 2007),
                                                                    o Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça
                                                                    Funarte/MinC e a Rede Nacional de Artes Visuais
                                                                    foram determinantes para o desenvolvimento da
                                                                    sua carreira. É, porém, a partir da sua participação
                                                                    com a obra Tônus (1, 2 e 3) – videoinstalação de
                                                                    2012 – na 30ª Bienal de São Paulo, intitulada A
                                                                    Iminência das Poéticas, que Braga começa a ser
                                                                    visualizado internacionalmente. Em 2014, ganha
                                                                    o Prêmio PIPA.
                                                                    Laurent Le Bom, diretor do Musée Picasso e
                                                                    um dos membros do Comitê de seleção da SAM
                                                                    Projects, organização de suporte à arte contem-
                                                                    porânea – fundada e dirigida pela brasileira San-
                                                                    dra Hegedüs Mulliez e que já patrocinou artistas
                                                                    do mundo todo para desenvolver site specifics
                                                                    na França –, sugeriu seu nome para realizar um
                                                                    projeto em 2015, levando em consideração sua
                                                                    obra e o momento da sua trajetória. Antes dos
                                                                    quatro meses que passou trabalhando específi-
                                                                    camente no projeto, Rodrigo perambulou pela
                                                                    cidade. “Durante minha primeira estada em Paris
                                                                    vi uma cidade dominada pela cor da areia e,
                                                                    olhando detalhadamente, me impressionou os
                                                                    inúmeros organismos incrustados nas pedras
                                                                    que constroem os muros e as colunas da cidade.
                                                                    Poderiam ser pequenas conchas ou vestígios
                                                                    delas. Isto me fez pensar no mar, um mar que
                                                                    um dia esteve lá”, diz Braga.
                                                                    A ideia de “trazer o mar de volta” para Paris o
                                                                    levou a querer manipular, esculpir e trasladar 45








         Book_37.indb   58                                                                                      11/21/16   8:27 PM
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