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FOTOGRAFIA MERCADO EDITORIAL
A ARTE DE FAZER LIVROS
COM TRABALHO RIGOROSO DO CASAL ALEXANDRE BELÉM E GEORGIA QUINTAS, EDITORA
OLHAVÊ SE CONSOLIDA NO MERCADO COM FOCO NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
POR SIMONETTA PERSICHETTI
DESDE 2013, ano no qual surgiu oficialmente, a Edi- e outro com textos e reflexões da Georgia, Inquietações
tora Olhavê já lançou oito livros e teve quatro deles (de Fotográficas – Narrativas Poéticas e Crítica Visual (ambos
Montserrat Baches, Elaine Pessoa, Ligia Jardim e Katia contemplados com o prêmio Marc Ferrez). No início, o
Kuwabara) indicados para o prêmio de melhor livro de apoio e a parceria com a editora Tempo d’Imagem, de
fotografia no PhotoEspaña. Também apresentou publi- Tiago e Isabel Santana, foram fundamentais. Não tinha
cações durante festivais no Uruguai, Argentina, Chile, volta. A paixão pelo papel, pela permanência do livro, e
Portugual e Guatemala. Quatro livros, dos fotógrafos o acompanhamento e desenvolvimento de trabalhos de
Beto Figueroa, André Conti, Leslie Markus e Jane Paris, novos fotógrafos ficariam cada vez mais fortes: “Fazer
além de um livro de pesquisa de Georgia Quintas, serão livros é ter boa companhia, trabalhos sérios e uma rede
lançados em breve e mais cinco estão em fase de edição. profissional regada por confiança, gentilezas, respeito e
Capitaneada pelo fotógrafo e jornalista Alexandre Belém consciência de que exercer a sua formação é sobretudo
e por sua esposa, Georgia Quintas, antropóloga e pes- um exercício de escolhas e afinidades”, diz Georgia.
quisadora de imagem, a Olhavê vem se firmando com Também estão no catálogo da editora o livro Ninguém
característica bem definida no trabalho com os autores: é de Ninguém (2015), de Rogério Reis, e 1978 (2016), de
acompanhamento e desenvolvimento do projeto, tanto o Gabriela Oliveira. “É um trabalho de se aproximar das
fotográfico como o da pesquisa nos arquivos dos autores. imagens do artista e seguir refletindo o seu discurso,
“Gostamos de acompanhar desde a escolha das imagens suas buscas e experimentações. A isso o termo processo
até a edição, o texto e o processo na gráfica”, conta de criação se coloca indiscutivelmente”, diz Georgia.
Belém. “Alguns livros nasceram nos nossos grupos de Assim, livros bem cuidados, em que a estética está ligada
estudos, em que tivemos a possibilidade de acompanhar à feitura e ao cuidado com o qual o livro é formatado, vêm
também o nascimento do ensaio fotográfico.” trazendo um entendimento sobre o fazer contemporâneo.
Olhavê surgiu como um blog ainda no Recife, em 2007, Mas o cuidado não fica só na escolha dos fotógrafos e no
de onde Belém e Georgia são originários. Um blog de tempo de trabalho para cada livro – que já chegou a dois
reflexão e pensamento como vários que surgiram na anos –, mas também no refinamento dos textos de Georgia
época. Ali o casal começou a demarcar sua forma de pen- e da reflexão feita para cada ensaio: “Os autores trazem
sar e entender fotografia. No ano seguinte, Belém quis desafios poéticos e o exercício ad infinitum da edição.
presentear Georgia com a publicação de sua pesquisa Acompanhar projetos é como um lugar repleto de diálogo
Man Ray e a Imagem da Mulher “Tudo feito com recurso e discussão. Um lugar de compreensão”, diz Georgia.
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próprio. Foi minha primeira experiência como editor”. Há muito sabemos que o fotolivro tem ocupado lugar de
Quatro anos depois, em 2012, com o blog consolidado, destaque quando se fala de fotografia. Diversas editoras
já reconhecidos, eles resolveram dar perenidade à série têm surgido ultimamente com a proposta de se dedicar
de entrevistas que haviam feito com diversos fotógrafos somente à fotografia. O livro, nesta época de incertezas,
e pequisadores. Aí nasceu o livro Olhavê Entrevista. dá uma certa permanência: “Nos doamos e sentimos um
Foi o que bastou para que o germe do editor aflorasse prazer enorme no processo de edição. Colocamos o nosso
e eles, num passo mais ousado, decidissem montar a profissionalismo em tudo isso, com muita amorosidade
editora: “Neste momento lançamos dois livros: um sobre e delicadeza, rigor e comprometimento. São livros que
a mostra do fotógrafo Ricardo Labá, Abismo da Carne, acarinhamos. Mergulhamos”, conclui ela.
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Book_37.indb 104 11/21/16 8:29 PM