Page 80 - ARTE!Brasileiros #38
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COLECIONISMO MUSEU DA FOTOGRAFIA
























            TUAREG, DE DANIEL CHICAULT; SEM TÍTULO, DE RUDOLF LEHNERT E ERNST LANDROCK; SEM TÍTULO, DE MARCELIN FLANDRIM























            SÉRIE SEM TÍTULO, DE GABRIEL CHAIM, FEITA EM ALEPPO, NA SÍRIA


             corpo, às vezes intrigante porque plasma o momento da   é muito bom.” Com esse mesmo raciocínio, Frota iniciou,
             ação. Por vezes direta e intencional, às vezes acidental e   mais recentemente, um novo recorte focado em conflitos
             ocasional. Por serem diversas em seus significados, são   políticos, com imagens registradas em outros países.
             marcas que contam mentiras diferentes. A sua função é   Disponibilizar sua coleção para ser vista por todos que
             como a de toda grande arte – unir os homens e aproximá  têm interesse não é o bastante para ele. A preocupação
                                                           -
             -los de uma ideia comum”.                         pedagógica também o motiva e de alguma maneira guia
             A imagem da capa desta edição faz parte da série Voodu,   a expansão de sua coleção. A intenção do coleciona-
             realizada no final dos anos 1980. Nela, podemos perceber   dor, hoje, é promover cursos, palestras e trabalhar com
             toda a força da forma simbólica de Cravo Neto. Imagens  crianças das comunidades em parceria com a Secretaria
             iconoclastas, misteriosas, que exigem calma e reflexão.   Municipal da Infância e Juventude. “Entendo a fotografia
                                                               também como uma ferramenta de conhecimento. Nós
             ADRENALINA PURA                                   vamos levar o museu para as crianças e vamos trazê-las
             Uma das características da coleção são as séries de foto-  para o museu. Elas vão fotografar e expor suas fotos aqui
             jornalismo e, em especial, a seção que foca o período da   e também no bairro onde vivem”, comenta.
             ditadura militar. “É preciso contar uma história, é preciso   Para cuidar de toda essa engenharia, o museu vai contar
             contar a história do País, e o fotojornalismo é perfeito para   com um conselho curador, que se reunirá duas vezes ao
             isso”, comenta o colecionador. “Veja as fotos dos anos 1960   ano. Um trabalho de fôlego – e não exatamente de um
             aos 1970: eram adrenalina pura. A nova geração produz uma  curador, título que Frota refuta, mas sim de um homem,
             fotografia muito mais construída. Poder acompanhar isso   em suas próprias palavras, “apaixonado pela fotografia”.


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