Page 84 - ARTE!Brasileiros #38
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COLECIONISMO PAULA E SILVIO FROTA






             A CIDADE EM FOCO





             SOB O OLHAR DO CURADOR IVO MESQUITA, OBRAS RETRATAM
             A RELAÇÃO DO HOMEM COM OS CENTROS URBANOS


             POR SIMONETTA PERSICHETTI



























             O MUNDO SE TORNOU MAIS CURTO nas distâncias       instalava, teve os centros urbanos como um de seus
             e mais vasto em suas representatividades depois da   atores preferidos. Não se trata de fotos de arquitetura
             invenção da fotografia, mídia em torno da qual foram   e urbanismo exatamente, mas do retrato do homem no
             criadas novas ideias sobre a cultura, sobre a convivência   habitat que ele mesmo construiu. No texto que apre-
             nas cidades e a maneira de compreendermos o que está  senta a exposição, Mesquita explica: “Um imaginário
             ao nosso redor. É nesta conceituação que se situa Um   de cidades articula diversos grupos de fotografias que
             Imaginário de Cidades, mostra que, com curadoria de Ivo   representam ou evocam a cidade, sua topografia, a vida
             Mesquita, inaugura o Museu da Fotografia em Fortaleza.   no espaço urbano, lugares e personagens, arquitetura
             Também foi Mesquita quem deu o tom curatorial para a   e história. Dispostas como um recorrido cinemático das
             coleção Paula e Silvio Frota, nos três  andares do museu  imagens, sem uma cronologia ou hierarquia, elas apre-
             (o quarto está reservado para o auditório). Durante um   sentam flagrantes e fragmentos de ensaios como um
             ano, ele observou e estudou a coleção de Silvio Frota:   imaginário específico legado pela fotografia: a câmera
             “Ela é muito ampla, tem várias vertentes da fotografia, do   fotográfica, um dispositivo tecnológico, registra a pai-
             jornalismo, da moda, do retrato e da guerra”, comenta.  sagem urbana, apreende fragmentos do tempo, produz
             O formato do museu foi concluído em setembro do   visibilidade e memória”.
             ano passado. Apenas 10% da coleção está exposta, ou   Depois, o texto prossegue: “Por outro (lado), pode ser
             seja, são 200 fotografias ocupando o espaço. O andar   visto todo um núcleo composto por uma fotografia de
             térreo, que será dedicado a exposições temporárias,   caráter abstrato, baseada na experimentação formal e
             tem foco em questões urbanas: “Pensei em mostrar a   técnica do meio e, a partir dos anos 1930, fortemente
             diversidade de olhares brasileiros e estrangeiros sobre   marcada pela experiência da arquitetura modernista e
             a cidade”. Como lembra o curador, a invenção da foto-  suas bases racionalistas, assim como pelas transfor-
             grafia em 1839, acompanhando a modernidade que se   mações que essa cidade moderna provocou na nossa


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