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GALERIA RIO DE JANEIRO
Em clima de carnaval, a galeria,
localizada no centrão do rio,
colocou artistas, convidados
e o povão para dançar
por leonor amarante
FORROBODÓ,
OU 20 ANOS DE A
GENTIL CARIOCA
como poucas galerias de arte, A Gentil Carioca
transforma suas aberturas especiais numa grande festa
de rua. No último sábado, não foi diferente: a mostra For-
robodó lotou a vizinhança com performances, músicas
e muita dança para comemorar os 20 anos do icônico
espaço do Rio, movido por loucura e arte. Ocupando
os casarões dos anos 1920, a Gentil mais uma vez faz
história ao apresentar uma coletiva abrangente com
obras de 60 artistas, sob a curadoria de Ulisses Carrillon.
“A ideia foi também celebrar o potencial estético, eró-
tico e político das ruas.” A galeria não se considera um
espaço fechado, funciona de maneira expandida pelas
redondezas e incorpora a população anônima que circula
pelo centrão do Rio à procura de bugigangas baratas
na zona do Saara, o maior centro de comércio de rua
do Estado do Rio. A notável interação não é buscada
por Márcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto, trio de
artistas e proprietários. Ela acontece espontaneamente, como linhas retas, quadrados e retângulos, e cores
e a diversidade de interesses pode se transformar em primárias. Fora das salas da galeria, o artista carioca,
um carnaval potencializado pela miscigenação. Cabelo extrapolou suas performances endiabradas
A integração das poéticas e das situações geradas e, como sempre, magnetizou o público. Dentro do
pela coletiva é uma espécie de liturgia como síntese das prédio, outros trabalhos funcionaram na quietude
artes. Carrillon defende a exposição também como um do ambiente como as peças de Maria Laet que joga
“ato de experimentar outras intelectualidades, outros com várias implicações do tempo, da ilusão, do fazer
conhecimentos do corpo, na intenção de convocar uma sossegado sempre pressa.
dramaturgia dos objetos, dos mares aos mercados, do Há experiências que funcionam na percepção de
céu ao inferno.” Defendendo suas escolhas ele cita novos espaços. Instalada em plena rua, a Bandeira, de
Adriana Varejão que refez o Brodway Boogie-Woogie, Antonio Dias, virou um marco do evento. O pano, de um FOTOS: MARIANA ALVES
do Mondrian, especialmente para essa data, uma vermelho revolucionário, balançou livre no alto de um
obra desenvolvida com formas geométricas básicas, dos edifícios, flutuando sobre uma animada multidão.
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