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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO
poeta, ensaísta e crítico de arte, que participou do júri, O arco conceitual da mostra abrange o neoconcretis-
mas quem a lançou, de fato, foi Romero Brest, que diri- mo, a tropicália, a psicodelia, entre outros movimentos
gia o Di Tella. Entre 1970 e 1980, Minujín tornou-se uma presentes na produção de Minujín. Em um de seus
artista internacional, conhecida por suas performances processos midiáticos, em 1976, criou a ação Comu-
e instalações singulares. nicando con tierra, em que ela propõs intercambiar
A artista sempre atuou no Brasil, onde tem muitos o solo latino-americano com interlocutores de todo
amigos. Em 1978, a convite do crítico Walter Zanini, inte- o continente. Marta foi a Machu Picchu, no Peru, e
grou a mostra Poéticas visuais, no Museu de Arte Con- coletou 23 kg de terra, dividindo-a em pacotes de um
temporânea da Universidade de São Paulo (mac usp), quilo, e enviou 23 deles a artistas de cidades diferentes
organizada por Julio Plaza e Zanini, que à época era da América Latina. No Brasil, foi José Roberto Aguilar
diretor do museu. Meses depois, participou da 1ª Bienal que misturou a terra recebida com a de São Paulo, e
Latino-Americana de São Paulo, cujo tema foi Mitos e Hélio Oiticica juntou a terra de Machu Picchu com a do
magia, que foi transformado na paródia Mitos e vadios, Rio de Janeiro. Depois de receber todas as 23 misturas,
uma intervenção organizada por Ivald Granato num esta- ela voltu a Machu Picchu onde enterrou tudo de volta.
cionamento da rua Augusta, com performances de vários Minujín costuma dizer que política atrapalha a cria-
artistas, como Minujín, Oiticica, Aguilar e Regina Vater. ção, mas, na verdade, seu trabalho toca na política à
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