Page 32 - ARTE!Brasileiros #37
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BIENAL DE SÃO PAULO REPORTAGEM
MAIS PERGUNTAS
DO QUE RESPOSTAS
32ª BIENAL DE SÃO PAULO BATE RECORDE
DE PÚBLICO E LEVANTA QUESTÕES SOBRE
O PAPEL DA ARTE CONTEMPORÂNEA, SEU SUPOSTO
HERMETISMO, A NECESSIDADE DE EXPERIMENTAÇÃO
E O PAPEL POLÍTICO DA MOSTRA
POR MARCOS GRINSPUM FERRAZ
EM FRENTE À OBRA Do Pó ao Pó, do artista
baiano José Bento, composta de caixinhas de fós -
foro e mesas retráteis feitas de diferentes madeiras
brasileiras, um menino de cerca de 10 anos de
idade comenta com um colega: “Pô, isso aqui até
eu fazia na minha casa”. E o amigo responde: “Ah,
você acha que é fácil? Imagina o trabalho que não
dá para pensar e fazer isso!”. Logo em seguida,
algumas senhoras se aproximam calmamente da
mesma obra, param, leem a legenda e discutem
brevemente sobre desmatamento florestal. Ali
perto, no espaço dedicado à obra da portuguesa
Carla Filipe – uma horta de plantas alimentícias
não convencionais –, um educador pergunta a
um grupo de alunos: “Isso aqui é arte?”, ao que a
maioria grita que sim, enquanto alguns dizem que
não. Aquele mesmo grupo de senhoras chega ao
local e uma delas comenta: “Como essas plantas
estão lindas!”.
É terça-feira de manhã e o pavilhão da Bienal
está cheio, principalmente de grupos de alunos
– crianças e adolescentes –, mas não só. Muitos
olham rapidamente as obras e tiram fotos com seus
celulares; um grupo de mulheres faz uma visita EDUCADORA DA BIENAL CAMINHA COM
guiada e debate o conceito da Bienal; meninos GRUPO DE ALUNOS SOBRE A INSTALAÇÃO
CHÃO, DO ARTISTA BAIANO JOSÉ BENTO
pequenos correm em meio aos trabalhos; alguns
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