Page 35 - ARTE!Brasileiros #37
P. 35

Não tem uma hora do dia que aqui esteja vazio.”  nem dá sinais de que vá se esgotar –, ao menos
                               O fato é que, estabelecida como espaço de experi-  parece estar se expandindo para um público mais
                               mentação – seja com a pista, seja com a horta, com   amplo, o que fica claro em um passeio pelo pavilhão
                               as mesas de madeira, com obras feitas de fungos  lotado do Ibirapuera. “É mais difícil de entender,
                               e com outros trabalhos, muitos deles criados por   mas eu gosto”, comenta a estudante Luísa Gili, 14
                               artistas jovens especialmente para a edição –, a   anos, da Escola da Vila, sobre os trabalhos expe-
                               32ª Bienal de São Paulo está fomentando debates   rimentais e em suportes não tradicionais. ”Acho
                               sobre o que é ou não é arte, sobre a qualidade das  que um retrato, por exemplo, é mais simples. Se
                               obras, sobre o papel político da exposição e sobre  um artista pintava um rei, por exemplo, você olha
                               um suposto hermetismo da arte contemporânea.   aquilo e sabe o que é. Se você vê uma obra dife-
                               De algum modo, a conversa dos dois meninos   rente, tem que parar e pensar o que o artista está
                               em frente à obra de José Bento, das caixinhas   tentando falar. Então não é que a gente receba mais
                               de fósforo e mesas retráteis, não está tão dis-  coisa, mais informação, mas são coisas diferentes,
                               tante do debate estabelecido por parte da crítica   não dá para comparar”, diz ela, seguida de sua
                               especializada. Alguns dizem que a Bienal acerta   colega Helena Veliago Costa: “A gente passou em
                               em cheio ao tratar de questões contemporâneas   uma obra e a Luísa falou que achava que aquilo
                               urgentes e em radicalizar na experimentação,   era uma crítica ao consumismo. E para mim aquela
                               enquanto outros afirmam que as boas intenções   era uma obra que falava sobre adolescência. E
                               não bastam; alguns defendem que obras potentes  acho que não tem certo e errado, são pontos de
                               ocupam o pavilhão do Ibirapuera, enquanto outros   vista. A arte não dá certezas, né? É uma forma de
                               dizem contar nos dedos os trabalhos realmente   se expressar”. Perguntadas se saem da visita com
                               significativos e feitos com apuro.           mais questões do que certezas, as duas dizem que
                               A discussão sobre a difícil compreensão da arte   sim, mas que isso é bom. Especialmente em uma
                               contemporânea, por sua vez – que não é de hoje   edição intitulada Incerteza Viva.









































                                                                                                                     35




         Book_37.indb   35                                                                                      11/21/16   8:25 PM
   30   31   32   33   34   35   36   37   38   39   40