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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO


















               Convite aceito, o curador, que também é um dos
            artistas selecionados para 35ª Bienal de São Paulo,
            inicialmente pensou em fazer mostras individuais na
            galeria, “nomes que eu achava importante apresentar
            para galeria e apresentar, principalmente, para o sistema
            da arte de São Paulo”, diz. “Com o desenvolvimento
            das nossas conversas, surgiu a ideia de fazer algo no
            contexto da 35ª Bienal. Veio então a ideia de pensar
            em muitos artistas, que estão na galeria, e tiveram
            uma história na legitimação das bienais, sobretudo as
            de São Paulo, na Bienal Latino-americana, na Naïf e na
            Mostra do Redescobrimento: Brasil+500”.
               A exposição reúne trabalhos realizados com técni-
            cas e suportes distintos, por 42 artistas de diferentes
            gerações, criações em sua maioria pertencentes ao
            acervo da Estação. Colocadas lado a lado, as obras
            falam por si mesmas: ora estética, formal ou temati-
            camente parelhas, indagam por que alguns artistas
            foram reconhecidos e outros, não. Além dos exemplos
            citados acima, Heráclito menciona Antonio Poteiro
            (1925-2010) em contraponto com Djanira, Marepe
            (1970) e Alcides Pereira dos Santos (1932-2007) e ainda
            um caso emblemático:
              “Em 1951, na primeira Bienal de São Paulo, exis-
            tiam muitos desses artistas [tidos como populares]
            na seleção da mostra. E o Heitor dos Prazeres [1898-
            1966], que é esse grande artista multimídia, que está
            sendo muito celebrado hoje, com uma grande exposição
            CCBB, e mostras paralelas em galerias privadas, ganhou
            uma medalha de prata, com a tela Moenda, lembra o
            curador. “O Heitor é um artista importantíssimo para
            pensar justamente esse momento de virada de uma
            arte moderna para uma arte, digamos assim, pop. Em
            seguida, a gente vai assistindo esses artistas sendo
            desconvidados, de certa forma, ou não convidados                                                      FOTOS: GERMANA MONTE-MOR |  DIVULGAÇÃO | JOÃO LIBERATO
            para participar das bienais”.
               Heráclito conta que em suas pesquisas para Rever-
            sos e Transversos conseguiu identificar “alguns
            momentos até muito tensos, ao mesmo tempo refle-  No alto, obra sem
                                                            título de Véio; ao
            xivos”, quando, por exemplo, na Bienal de São Paulo, a   lado, trabalho de
            pop art entra no Brasil, com artistas como Andy Wahrol,   Conceição do Bugres

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