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Ao lado, “Secos e molhados”,
de Mírian; abaixo, “Criação
Homem – Mulher”, de Samico
Rauschenberg, Jasper Johns e Roy Lichtenstein. “Com
a chegada deles a essa instituição importantíssima no
mundo inteiro, que cria sistema de arte, os artistas
ditos populares saem, são desconvidados, porque
perdem espaço. E nesse momento se articula uma
nociva ideia de que a arte contemporânea brasileira
não poderia ser compreendida a partir daquelas refe-
rências populares”, afirma.
O curador ressalta que artistas como J. Cunha (1948),
Aurelino dos Santos (1942) e mesmo Heitor dos Prazeres
estabelecem relações “com um pop, com essa cultu-
ra de massa, a partir dessa perspectiva dos grandes
centros urbanos, das grandes cidades”. Ainda assim,
são alijados do sistema da arte. Entre os contemporâ-
neos também presentes na exposição, Heráclito cita
Xadalu Tupã Jekupé, selecionado para a 1ª Bienal das
Amazônias, e Dalton Paula (1982), para ele um “exemplo
de superação”.
“Quando começou a produzir, Dalton estava muito
mais próximo da Bienal Naïf – um termo que acho muito
preconceituoso, porque retira do artista o conhecimento
e a sabedoria; é como se conhecimento fosse alguma
coisa só acadêmica ou livresca – do que da Bienal de
São Paulo. Hoje é um dos poucos artistas contempo-
râneos brasileiros que estão em grandes museus do
mundo como MoMA. Justamente porque o mundo está
mudando. Os conceitos estão sendo transformados,
assim como a historiografia da arte, não só brasileira,
mas mundial”.
modernistas, lina e abdias
Heráclito pondera que o “embate da arte popular como
uma arte identitária no Brasil” teria sido inaugurado, de
certa forma, pelos modernistas. “Foram dois projetos
modernistas que se destacaram naquele período: o
sudestino, em torno de Mário de Andrade, da antropofa-
gia etc., e o nordestino, em torno de Gilberto Freyre, com
o movimento regionalista”, lembra. “Esses dois projetos
são muito distintos, mas tinham algo em comum, que
era pensar a cultura popular como a identidade da arte
brasileira, já que no século XIX toda a produção de arte
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