Page 69 - ARTE!Brasileiros #37
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mas também acho importante destacar uma produção
                                                                       que busca elaborar questões sobre elas. No meio artís -
                                                                       tico, em que pouco se fala de exclusão, desigualdade,

                                            AILTON KRENAK              racismo, homofobia, machismo e genocídio das popu-
                                            DURANTE DISCURSO           lações indígenas, me interessa falar dessas estratégias
                                            NA ASSEMBLEIA              contra-hegemônicas. E esses laços de solidariedade
                                            NACIONAL                   que têm sido elaborados entre artistas e as vítimas
                                            CONSTITUINTE,              desses processos excludentes no Brasil comportam
                                            EM 1987
                                                                       mal-entendidos e conflitos, claro, mas são importan-
                                                                       tes, inclusive, para que os ‘marginalizados’ alcancem
                     Tomie Ohtake, 2015), além das duas últimas bienais de   o protagonismo necessário para demandar aquilo que
                     São Paulo (a 31 edição, em 2014, e a 32 , atualmente   lhes cabe.” Voltando mais uma vez ao discurso de Kre -
                                                        a
                                  a
                     em cartaz), assim como Adornos do Brasil Indígena:   nak, feito em 1987 e ainda tão atual, Dos Anjos conclui:
                     Resistências Contemporâneas, são algumas dessas   “Acho que o fundamental nessa fala, assim como na
                     mostras que têm dado visibilidade à pauta indígena,   exposição toda, é a defesa pelo direito à diversidade.
                     seja através de trabalhos dos próprios índios, seja de   Sujeitos diversos no mundo têm o direito a falar e ser
                     artistas contemporâneos.                          escutados, a viver do modo como escolherem viver e
                     “É importante enfatizar que a produção desses artistas   a serem respeitados desta maneira”.
                     não pode pretender falar em nome daqueles que sofrem
                     a violência, porque fazer isso seria se apropriar inclusive   Adornos do Brasil Indígena: Resistências Contemporâneas
                     da dor do outro. Esse outro tem que ter a possibilidade   Até 8 de janeiro
                     de anunciar sua própria fala, sua própria narrativa”, diz   Sesc Pinheiros
                     Dos Anjos. “Então acho fundamental considerar esta   Rua Paes Leme, 195, São Paulo, SP
                                                                       11 3095 9400
                     autorrepresentação das próprias populações excluídas,

















                                 ACIMA, DIADEMA DOS WAUJÁ; ABAIXO, BRINCOS
                                DOS YANOMAMI; AO LADO, MÁSCARA DOS TICUNA,
                                 PEÇAS QUE INTEGRAM O ACERVO DO MAE/USP















                  FOTOS ADER GOTARDO







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