Page 82 - ARTE!Brasileiros #37
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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO





















































             PAISAGEM E ARTIFÍCIO, VITÓRIAS RÉGIAS PARA O RIO COCÓ (I A XVI) (2013). TECIDOS E FIOS   SINFONIA TROPICAL PARA LOOS II (2014)
             DIVERSOS, ACRÍLICO, AÇO INOX, NIÓBIO, OURO ROSA, COBRE, MEDIDAS VARIÁVEIS



             na avenida Tiradentes, ao acesso ao Parque da Luz; um   uma fachada de listras horizontais pretas e brancas,
             caminho que leva do artifício da cidade grande à recons -  que remete à cor de sua pele, a uma padronagem exó -
             trução da natureza. Outra alteração profunda adotada   tica e à estampa dos uniformes de presidiários. É essa
             pela artista é a transformação dos corredores laterais em   trama um tanto hipnótica que acompanha o visitante
             protagonistas dessa grande paisagem expositiva.   pelas rotas periféricas do museu, sem impor caminhos
             Normalmente periféricos e marginais, eles são ativados   precisos, e torna-se ela própria permeável e diluída pela
             em toda a sua extensão pela Parede Loos, trabalho que   natureza na videoinstalação Sinfonia Tropical para Loos.
             parte da casa idealizada pelo arquiteto modernista   Além dessa ideia de labirinto e da recusa a critérios crono-
             Adolf Loos para a estrela negra Josephine Baker. A   lógicos de organização, a mostra contempla ainda outros
             artista procura destacar, em sua análise do projeto,   aspectos centrais da trajetória de Tavares nas últimas
             como ele carrega latente, sob seu purismo arquitetô-  décadas, como, por exemplo, a revisão crítica da arqui-
             nico, um discurso de poder e voyeurismo, do “corpo   tetura modernista; a realização de objetos na fronteira
             tornado território”, com aspectos eugenistas e colonia-  entre design e arte; a construção de suportes para o corpo
             listas. Avesso a qualquer tipo de ornamento, Loos adota   de caráter interativo – que ela chama de “próteses de
             para a residência de Baker (que jamais foi construída e   arquitetura” –; ou a relação entre artesanato e indústria,
             nem se sabe se teria sido encomendada pela cantora)   como explica a curadora da exposição, Fernanda Pitta.


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