Page 85 - ARTE!Brasileiros #37
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DESENHOS, PINTURAS,
PERFORMANCE,
CAPA DO CATÁLOGO
E APRESENTAÇÃO
MUSICAL
(COM CHICO BUARQUE
E PABLO MILANÉS)
QUE MARCARAM
O EVENTO EM
HAVANA, EM 1986
dez anos antes da Bienal de Johannesburgo e a administração Reagan, juntamente com sua
da dOCUMENTA de Okwui Enwezor. Avançou em orientação doutrinária em relação ao Oriente/
temáticas que foram depois centrais nas gran- Ocidente na política mundial e sua beligerância
des exposições dos centros não hegemônicos em relação a Cuba e à Nicarágua. (…) As grandes
de produção, como pós-colonialismo. O curador metrópoles capitalistas criam os modelos de
Carlos Basualdo ressalta a diferença entre a bienal uma arte universal. Sem menosprezar os valores
europeia de referência e esta instância americana: universais que existem em algumas dessas produ-
“Veneza foi originalmente concebida com base ções – cuja assimilação crítica não se pode rejeitar
em uma ideologia universal claramente relacio- –, o certo é que elas marginalizam a rica produção
nada com o colonialismo europeu; Havana, em artística dos países do Terceiro Mundo”. Hart
contraste, foi cenário de um projeto ideológico tinha claro qual era o objetivo da segunda Bienal
que era diametralmente oposto a isso”. 1 de La Habana: “Nosso propósito é confrontá-los
É por esse caráter aglomerante de experiências internacionalmente sem nos isolarmos. Nosso
FOTOS ARQUIVO LLILIAN LLANES ricos que esta Bienal foi considerada a “Bienal do universal hegemonicamente implantada e criada
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e de obras de arte de criadores de países perifé
problema é deter essa produção de uma cultura
Terceiro Mundo”. Mas também havia um aspecto sem nossa participação”.
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Para Llilian Llanes, talvez mais desapegada da
que ia mais além: o ideológico. Armando Hart
esfera política que o então ministro da Cultura, o
escreveu o seguinte: “No ano de 1981 entrou
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